O ministro Abraham Weintraub (Educação) quer que deputados e senadores sejam ouvidos na escolha de reitores de universidades federais. Ele concedeu entrevista ao Poder360 na segunda-feira (19).

O ministro faz encontros frequentes com grupos de congressistas no ministério. Relatou que em suas reuniões tem sugerido que mudem o sistema atual em que alunos, professores e funcionários votam e formam lista tríplice. “Acho que vai surgir um projeto de lei”, disse, sem especificar quando.

Ele defende uma mudança que permita à sociedade influenciar na escolha, o que seria feito por meio dos congressistas. Fora esse detalhe, acha bom o sistema da lista tríplice, e acha que, na maior parte dos casos, o 1º da lista, o mais votado, deve ser o escolhido.

Weintraub defende metas para professores universitários. Quem quiser dar só 8 horas de aula por semana, como é hoje, terá de publicar mais artigos científicos.

Também pretende cobrar reitores que criaram cursos sem autorização, para os quais já existem professores contratados, mas não alunos: não há sequer vagas oferecidas nos vestibulares. “Quem pariu Mateus que o embale”, disse Weintraub.

Essas medidas ficarão para depois da implantação do programa Future-se, que, na estimativa dele, poderá aumentar de 20% a 30% os recursos para as universidades por meio de doações, exploração de patentes e de imóveis.

O ministro minimizou o fato de que reitores de quatro das 68 instituições federais, incluindo a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), declararam que não pretendem entrar no programa porque terão de se submeter a um comitê de gestão dos recursos, o que irá, dizem, reduzir autonomia.

Comparou à criação da Ebserh, estatal fundada no governo de Dilma Rousseff para administrar os hospitais federais. “Esse mesmo grupo dogmático falou ´não quero´. Agora eles batem na porta e perguntam será que da para aderir?´”, disse o ministro.

A consulta pública do Future-se foi estendida até 29 de agosto. Depois de analisadas as propostas de mudanças, será enviado 1 projeto de lei ao Congresso.

Weintraub afirmou que é aberto ao diálogo, mas que a esquerda se recusa a discutir números. “Acham que a matemática atende ao capitalismo”.

Ele é também pressionado por grupos de direita a cobrar mensalidades nas federais. Não quer pela dificuldade política e porque o ganho seria pequeno: só 10% dos alunos poderiam pagar.

O ministério prepara um plano para o ensino técnico, que está na fase de escolha do nome. O ministro disse que a prioridade é agora implementar o que já foi proposto. Enem eletrônico, Future-se, metas de alfabetização e mudança no Fundeb, o fundo do ensino básico. “Se fizer a metade, estou satisfeito”, afirmou. Por isso prefere deixar a eventual cobrança nas federais para o sucessor.

Sobre o contingenciamento de verbas das universidades federais, ele disse que tem “90% de chance” de ser revertido com a aprovação da Previdência. “Os sinais de melhora da economia já começam a aparecer”.