A partir do próximo dia 22 de novembro, o Twitter não vai mais permitir o impulsionamento de tuítes de caráter político em sua plataforma. Em termos práticos, isso significa que a rede social não vai mais aceitar anúncios de teor político – seja de candidatos, partidos ou grupos interessados em fazer lobby a favor ou contra uma determinada causa. 

A decisão foi anunciada pelo presidente executivo da rede, Jack Dorsey, em sua própria conta, na tarde desta quarta-feira, 30. "Acredito que o alcance de uma mensagem política deve ser conquistado e não comprado", declarou o executivo em um fio. 

Segundo Dorsey, permitir o impulsionamento de determinados assuntos de teor político na rede social pode trazer um risco significativo à rede, influenciando o voto e afetando a vida de milhões de pessoas. "Os anúncios políticos apresentam desafios ao discurso cívico, com microdirecionamento de anúncios, envio de informações falsas e deep fakes, em uma escala rápida e veloz", declarou o executivo. 

Em suas declarações, Dorsey deu uma alfinetada em Mark Zuckerberg, que disse recentemente que permitirá que um político veicule um anúncio com uma mentira no Facebook. "Não é crível para nós dizermos que queremos parar de permitir que a desinformação esteja na nossa plataforma, ao mesmo tempo que alguém nos paga para direcionar um anúncio político para qualquer pessoa!", disse o presidente executivo do Twitter. 

Zuckerberg defendeu sua posição em prol da "liberdade de expressão", algo que Dorsey também criticou: "o que estamos fazendo não é sobre liberdade de expressão, é sobre pagar para veicular discurso político de uma forma que a infraestrutura democrática ainda não está preparada para lidar." 

É um tema bastante polêmico no Vale do Silício: nesta semana, um grupo de 250 empregados do Facebook assinaram um abaixo assinado direcionado a Mark Zuckerberg, para que ele reveja sua decisão. É algo que o próprio Dorsey chega a mencionar em seu fio. "Sabemos que somos só uma parte pequena de um ecossistema de anúncios enorme. Confio que essa mudança poderá crescer", afirmou. 

A notícia, porém, desagradou ao mercado: após a divulgação da novidade, os investidores reagiram com desânimo e as ações do Twitter apresentavam queda de 2% depois do fechamento do pregão da bolsa de valores de Nova York.