Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse nesta quarta-feira (10) ter vergonha do salário de R$ 19 mil líquido que recebe mensalmente do Exército.

“Eu tenho vergonha do que eu recebo do Exército, isso eu tenho vergonha. Se eu mostrar pro meu filho que eu sou general de Exército, e ganho líquido R$ 19.000, eu tenho vergonha”, afirmou o ministro, que entrou para a reserva em 2011.

Heleno relatou o quanto recebia depois de ser indagado pelo deputado David Miranda (PSOL-RJ) sobre os últimos três salários do atual ministro como diretor de Comunicação e Educação Corporativa Comitê Olímpico Brasileiro (COB) que, segundo o parlamentar, passaram dos R$ 50 mil reais.

“Eu nunca pedi aumento no COB, eu recebi o que o COB me pagava. É uma entidade privada (….) O dinheiro do COB sai do valor apostado na Caixa Econômica Federal nos seus diversos concursos. Este valor há uma discussão que até hoje não se chegaram à conclusão se é dinheiro público ou não”, disse.

“Eu ganhava honestamente, trabalhava muito no COB, formamos mais de 1000 gestores esportivos, mais de 300 treinadores. Não tenho vergonha nenhuma de ter sido bem pago como os senhores aqui a grande maioria não tem”, complementou.

Prisão de militar

O ministro participou de audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, marcada para tratar da prisão de um militar da Força Aérea Brasileira, Manoel Silva Rodrigues, transportando droga na Espanha em comitiva que acompanhava viagem do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi bastante questionado sobre a investigação.

Heleno comentou que "por enquanto não há indício de participação" de outros envolvidos.

Essa foi a única informação sobre o inquérito policial militar aberto. Diante de outros questionamentos, a resposta padrão é que não se podia trazer detalhes dado ao sigilo.

Carlos Bolsonaro traumatizado

O general Augusto Heleno relatou também que o vereador Carlos Bolsonaro é "extremamente traumatizado" pelo atentado que seu pai, presidente Jair Bolsonaro, sofreu no ano passado, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora-MG. Heleno salientou que não era o GSI, mas a PF, quem fazia a segurança de Bolsonaro naquela ocasião.

"Eu conheço Carlos. Ele é extremamente traumatizado pelo atentado que buscou mudar a realidade política do Brasil, o atentado a faca que o presidente recebeu. Naquela situação Bolsonaro estava sob cuidado da PF", disse o ministro, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, marcada para tratar da prisão de um militar da Força Aérea Brasileira, Manoel Silva Rodrigues, transportando droga na Espanha em comitiva que acompanhava viagem do presidente Jair Bolsonaro.

Heleno emendou esclarecendo que não está "colocando responsabilidade" na PF. Disse que o órgão "melhorou muito nas últimas décadas, tem equipamentos de alta qualidade e é muito eficiente". "O que acontece é que candidatos como o presidente Bolsonaro desrespeitam regras traçadas e isso é normal. Aqueles que fazem segurança não podem impedir. Hoje em dia, mesmo em viagens, ele acaba fazendo coisas que são delicadas", disse.

Em um dos temas debatidos na sessão, o avanço do narcotráfico e das organizações criminosas no País, Heleno afirmou que isso se deve à "leniência dos governos anteriores". "Estamos seriamente contaminados por organizações criminosas a ponto de transformar problema de segurança pública em problema de segurança nacional", disse. A frase de Heleno fez referência à observação do tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, representante do Ministério da Defesa na sessão, que sugeriu atuação conjunta entre os Poderes no País para combater as drogas.