Três dias após convidá-lo para assumir o Ministério da Cultura, o presidente Michel Temer reuniu-se nesta segunda-feira (21) com o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Eles discutiram a saída de Marcelo Calero do cargo e, segundo Freire, Temer concordou com a decisão de se respeitar o posicionamento do Iphan em relação à construção de um edifício em Salvador.

"Ele [Temer] concordou com a tese do Iphan. [Disse que] estava correta a decisão de respeitar o órgão técnico. Concordou plenamente", disse Freire.
Calero entregou o cargo na última sexta-feira (18) acusando o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) de pressioná-lo a produzir um parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Marcelo Calero disse que Geddel o procurou para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão subordinado à Cultura, aprovasse o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, nos arredores de uma área tombada em Salvador, base do ministro responsável pela articulação política do governo.

Segundo Roberto Freire, Temer não comentou sobre a permanência de Geddel no governo.

LEI ROUANET
Freire disse que, na conversa com o presidente da República, ficou acertado que sua gestão será de "continuidade e reformista".

"Acertamos que tem que ter continuidade. [Calero] era ministro de seu governo e não está saindo por problemas no ministério", disse Roberto Freire.

No entanto, ele disse que haverá reformas relativas aos incentivos, como os da Lei Rouanet, alvo de uma CPI na Câmara dos Deputados.

"Você pode chamar Lei Rouanet, mas não na mesma estrutura. Ela deu lugar a problemas graves. [Minha gestão] será reformista neste aspecto", afirmou.

Até a tarde desta segunda-feira, Freire ainda não havia fechado o dia de sua posse. "Não vai ser um grande evento. Ele só pediu que fosse ao meio-dia", disse o futuro ministro da Cultura.