A Corregedoria da Polícia Civil do Tocantins abriu processos administrativos para investigar mais dois delegados com base em um artigo do Estatuto dos Policiais Civis que prevê suspensão das atividades de 6 a 15 dias quem “trabalhar mal, intencionalmente ou com negligência” e de 16 a 21 dias quem desrespeitar ou ofender superiores em redes sociais. Os alvos são os delegados Cassiano Ribeiro Oyama, da 2ª Delegacia de Polícia de Palmas, e José Rerisson Macedo, suplente de deputado estadual, que atua na 2ª Delegacia Regional de Araguaína. Rerisson publicou nas redes a intimação do processo contra si, a pedido da Diretora de Comunicação, Shirley Cruz, por uma postagem em sua conta no facebook em fevereiro desse ano, quando um delegado de Araguaína acabou transferido para Wanderlândia. Na postagem, ele critica o desmantelamento da DEIC-Norte, que investiga os casos de corrupção no norte. Ao postar nas redes a intimação, o delegado criticou a sistemática da Corregedoria-Geral da SSP que ele classifica como “inquisição”. “Ocorre que agora temos na SSP um setor especializado em fiscalizar redes sociais de delegados para tentar amordaçá-los e acusá-los da forma mais arbitrária possível. Chefiada por uma jornalista de confiança do governo, a Diretoria de Comunicação além de censurar as matérias contrárias aos interesses políticos dos seus chefes, também orquestra inquisições contra as Autoridade Policiais deste Estado”.Ele também aponta um viés eleitoral na medida. “Não sendo mera coincidência que ação covarde e desmedida se deu após meu afastamento para Pré-candidatura à Chapa Majoritária pelo partido PODEMOS na cidade de Araguaína. Será mera coincidência?”, questiona. Segundo o delegado, o perfil onde está a publicação contem como subtítulo “Deputado Del Rérisson) porque ali ele se reporta como “agente político, não uso imagem própria afim de promoção pessoal, por fim, assino o manifesto na condição de Líder Político que sou”.Cassiano teve uma sindicância decisória instaurada na sexta-feira, 5 de junho, por suposta transgressão disciplinar enquadrada como “trabalhar mal, intencionalmente ou com negligência”. Oyama atuava no inquérito da Operação Catarse que investigava a suspeita de servidores fantasmas no gabinete do deputado estadual Valdemar Júnior (MDB) antes de ser removido para a 2ª DP. O JTo não conseguiu apurar o fato gerador do processo. Em suas últimas avalições de desempenho o delegado obteve a nota máxima.SindepolA presidente do Sindicato dos Delegados, Sarah Lilian de Souza Rezende, divulgou em nota defendendo a liberdade de expressão como direito de qualquer um para "manifestar, livremente, opiniões, ideias e pensamentos pessoais sem medo de retaliação ou censura". Segundo a sindicalista, se trata de um conceito fundamental nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral. "O direito à liberdade de expressão é caracterizado como direito da personalidade, fundamental para a concretização do princípio da dignidade da pessoa humana, sendo garantido por nossa Constituição Federal", afirma.