Em rara manifestação nas redes sociais a favor dos delegados de polícia civil perseguidos na gestão de Mauro Carlesse (PSL), afastado há 21 dias pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a atual direção do Sindicato dos Delegados de Polícia do Tocantins(Sindepol) publicou nota de repúdio na qual compara com ações da ditatura militar o pedido de dossiê contra 12 delegados da Polícia Civil, dentro da Casa Militar do Palácio Araguaia, e anuncia que tomará medidas para responsabilizar os envolvidos. A existência do pedido consta no depoimento dado à Polícia Federal em São Paulo pelo então chefe da Gerência de Inteligência da Casa Militar, major da Polícia Militar Rudson Barbosa e pode ser conferido abaixo. Também está disponível para quem tem cadastro no site do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após o ministro Mauro Campbell ter retirado o sigilo dos inquéritos que investigam o governador, secretários e servidores estaduais por cobrança de propinas de empresário da saúde e por aparelhar a Segurança Pública. Segundo o depoimento, há cerca de um ano o coronel Silva Neto, Chefe da Casa Militar (atual comandante-geral da Polícia Militar), apresentou uma lista com o nome de 12 delegados de polícia civil, ligados ao combate à corrupção, e que seriam politicamente contrários ao governador. O major revelou que Silva Neto pediu ao declarante que buscasse informações a respeito dos delegados e Barbosa “entendeu que estivesse fazendo referência a informações que pudessem politicamente ser usadas contra estes delegados”. O major negou à PF que tenha feito a encomenda. Segundo depôs à PF, no dia seguinte ao pedido, ele procurou o coronel Silva Neto e disse que não poderia realizar o serviço por entender que “não seria adequado”. Segundo disse ao delegado Diogenes Perez de Souza, achava a “inadequada” a atitude de investigar colegas de profissão em assuntos políticos e “questionável ética e administrativamente”. Nas palavras do major, seu chefe concordou com a negativa e disse que o “assunto havia morrido”. Para o Sindepol, o depoimento evidencia “a instrumentalização do aparato de inteligência da Casa Militar” algo que ocorria na ditadura militar. “A utilização ilícita de estruturas governamentais, visando a produção de informações, com o objetivo precípuo de reprimir ou intimidar cidadãos, remonta aos períodos autoritários mais sombrios da história brasileira e revela mais uma vez a faceta espúria e anti-republicana que permeava as perseguições contra os Delegados de Polícia Civil do Estado do Tocantins que combatiam diuturnamente os desmandos e desvios éticos na administração pública”, diz a nota. O Sindepol termina por informar que buscará “todas as medidas cabíveis para que eventuais servidores envolvidos nesses ilícitos sejam devidamente responsabilizados.”Manifesto apócrifo declara apoio ao comandante-geral da PM Na defesa do atual comandante geral da Polícia Militar, um manifesto de apoio ao coronel Silva Neto, sem assinatura, circula nas redes com uma foto do coronel e diversos militares em pose de oração.O texto afirma que o depoimento do major Rudson não passa de “meras especulações e falas sem sentido de um oficial acuado” e diz entender que o ex-chefe da inteligência “não procedeu nenhuma missão ilegal do seu então chefe”.“Temos hoje um comandante-geral que resgatou nossos valores, impulsionou o respeito e o cuidado com os profissionais que dedicam e arriscam a vida para garantir a ordem pública no Tocantins”, prossegue o texto.O texto apócrifo diz que as “falas sem sentido” do oficial da inteligência então sendo “utilizadas como trampolim político de algumas raposas velhas”. Acrescenta, sem deixar claro a referência a alguém “que inflou um ex-governador a tirar a honra da tropa por meio de um decreto.”Por fim, o texto afirma que o coronel Silva Neto “provou por inúmeras vezes” ter uma “postura de legalidade, ética e humanismo”.Outro ladoO JTo encaminhou ao comandante um pedido de manifestação com os seguintes pontos, entre outros, sse o coronel reconhece ter feito o pedido ao major Rudson para que investigasse os delegados. Também perguntou se o coronel sente-se confortável em permanecer no cargo após a operação da Polícia Federal.O comandante disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que mantinha na íntegra a mesma nota distribuída à imprensa no dia 3 de novembro. O JTO publica a nota em seu inteiro teor.NOTA À IMPRENSA3.11.2021 Em resposta a este veículo de comunicação, o Cel QOPM Julio Manoel da Silva Neto, Comandante Geral da PMTO, esclarece os seguintes pontos:De acordo com a Lei nº 3.421 de 08/03/2019, art. 16, inciso I, alínea a, compete à Casa Militar, órgão ligado diretamente à Governadoria, entre outras atribuições: "realizar a segurança pessoal do Governador, do Vice-Governador e de seus respectivos familiares, bem assim de dignitários, quando determinado pelo Chefe do Poder Executivo e coordenar as atividades de inteligência e segurança da informação e comunicação;Isto posto compete a Casa Militar atribuições relativas ao levantamento de informações, com objetivo de salvaguardar a integridade física e moral do Governador do Estado e seus familiares, não se confundindo com atribuições de caráter investigativo, competência esta da Polícia Civil, a nível de Estado.Polícia Militar do Estado do Tocantins