Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) afirma que o escritório do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) realizou uma operação de R$ 1,799 milhão. A transação teria ocorrido depois de Salles assumir o ministério, entre outubro de 2019 e abril de 2020, e foi marcada como suspeita pelo órgão de controle.“Suspeita-se da incompatibilidade entre o volume transacionado a crédito no período e o faturamento médio mensal de cadastro, aparentemente, indicando movimentação de recursos não declarados“, diz o relatório, ao qual o jornal O Globo teve acesso.Procurado pelo Poder360 nesta terça-feira (25), Ricardo Salles disse: “Tais alegadas movimentações simplesmente não existem. Bastará acessar o inquérito para demonstrar imediatamente que tal fato é mentira”.Segundo o Coaf, o escritório de advocacia movimentou R$ 14 milhões entre janeiro de 2012 e junho de 2020. O faturamento médio anual é de R$ 350.000. Assim, segundo o relatório, foram identificadas transações financeiras superiores à receita da sociedade. O escritório tem como sócios Salles e sua mãe, Diva Carvalho de Aquino.As informações do órgão de controle foram uma das bases para o pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal de Salles. O ministro Alexandre de Moraes do STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a quebra na última 4ª feira (19.mai). Também foi alvo de buscas e apreensões em sua residência em São Paulo, em seu imóvel funcional em Brasília, além de um escritório no Pará.Apesar do relatório do Coaf mencionar valores que seriam incompatíveis com a receita do escritório de advocacia, não há mais detalhes sobre os anos em que as transações ocorreram. Também não há informações sobre possíveis repasses de madeireiras alvos da operação Akuanduba.O relatório do Coaf que embasou a operação foi vazado na última 6ª feira (21.mai). Parte da mídia teve acesso ao processo, mas sem os detalhes divulgados nesta terça-feira (25) pelo O Globo. Salles diz que ainda não leu o documento, mas já recebeu questionamentos de jornalistas que dizem ter lido o relatório vazado.A origem do vazamento, segundo apurou o Poder360, foi uma ala da Polícia Federal que se opõe ao governo do presidente Jair Bolsonaro. A lei proíbe a divulgação dos dados do Coaf.Não é a primeira vez que informações sigilosas do Coaf são vazadas. Em fevereiro de 2015, o Coaf deixou que dados reservados a respeito da investigação sobre o caso SwissLeaks fossem publicados por parte da mídia. Além de ter sido algo irregular, o Coaf induziu as publicações ao erro, pois os dados eram preliminares e incompletos. Na época, ficou clara a irregularidade dentro do Coaf, mas ninguém foi punido.