No início da noite desta segunda-feira (26), a hashtag do Roda Viva já alcançava o segundo lugar entre as mais comentadas do mundo nos Trending Topics do Twitter. Para a última entrevista do jornalista Augusto Nunes, que conta ter participado de mais de 500 debates no mais antigo programa da televisão brasileira, o convidado é o juiz Sérgio Moro. Responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba, é a primeira vez que o magistrado concede uma entrevista ao vivo. 

Além de Nunes, que conduz a bancada, os convidados da noite são o diretor de jornalismo do Grupo Estado, João Caminoto; a diretora de redação da revista Época, Daniela Pinheiro; o editor-executivo do jornal Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila; o diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes, Fernando Mitre; e o jornalista e escritor, Ricardo Setti.

O principal tema esperado para a conversa é o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) das condenações em segunda instância e a reversão da pena aplicada. O juiz já se manifestou contra, pedindo aos ministros para que não libertem casos já condenados, como o empreiteiro Gerson Almada, da Engevix.

Sobre o habeas corpus do ex-presidente Lula, Moro disse esperar que "o Supremo Tribunal Federal tome a melhor decisão". Ele afirmou que a prisão em segunda instância vai além da Lava Jato: “tem peculatos milionários, desvios de dinheiro da Saúde e da Educação, que fazem muita falta para a população, e outros casos, como estupradores e pedófilos. Isso só no meu local de trabalho (...) Passaria uma mensagem errada, no sentido de que não cabe mais avançar”.

Ele apontou que, caso o entendimento do STF seja de rever as prisões, os eleitores devem cobrar que seus candidatos defendam projetos de lei para reinstituir a prisão em segunda instância. Moro citou também a jurisprudência tanto no Brasil quando no exterior para lembrar a prisão após haver condenação nessa instância. "A prisão deve seguir um julgamento e não preceder um julgamento", afirmou. Para ele, outra maneira de lidar com crimes pode livrar "poderosos".

"Infelizmente, por conta de ilusões, paixões ou de politização, que acontecem fora das coisas de Justiça, algumas pessoas não se conformam seja com absolvições ou com condenações", lamentou.