Acusado de operar esquema de "rachadinha" no gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o policial aposentado Fabrício Queiroz contraria estratégia bolsonarista ao manifestar a pretensão de se lançar a deputado federal nas próximas eleições.

Na manhã de domingo (16), Queiroz --que foi assessor do gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro)-- revelou nas redes sociais a disposição de concorrer à Câmara de Deputados. Procurado pela reportagem, confirmou essa intenção.

"Pretendo disputar a cadeira de deputado federal".

Na mensagem de domingo, Queiroz comenta notícia publicada no jornal O Dia, segundo a qual ele concorreria à Alerj.

"Se for da vontade de Deus, vou disputar uma cadeira legislativa, sim. Apenas uma correção na reportagem: sou pré-candidato a deputado federal!", publicou.

Queiroz já havia manifestado a intenção de concorrer à Câmara em entrevista ao SBT, em novembro.

Segundo aliados, a família Bolsonaro já tem, no entanto, um pré-candidato a deputado federal com trânsito entre os policiais militares: o ex-sargento do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) Max Guilherme Machado de Moura.

Segurança do presidente Jair Bolsonaro, Max é hoje assessor especial da Presidência. Ele foi apresentado por Queiroz a Bolsonaro.

Sua candidatura conta com a simpatia dos bolsonaristas. O lançamento do nome de Queiroz poderia prejudicar a campanha do assessor da Presidência.

Além disso, Queiroz ganharia exposição nacional com uma cadeira na Câmara de Deputados. Se eleito para Alerj, sua atuação seria mais discreta.

Segundo aliados do presidente, Queiroz poderá contar com o apoio informal dos Bolsonaros caso se lance a estadual. Mas deputados estaduais que transitam no mesmo campo que Queiroz o estimulam a concorrer à Câmara, com a promessa de parcerias.

À reportagem Queiroz disse desconhecer a estratégia do presidente para as próximas eleições. "Não falo com o presidente e o senador desde do início das investigações que me envolvem. Não sei das estratégias deles. Se vão lança A ou B, porque são de confiança", afirmou.

Disposto a afastar a ideia de um mal-estar com Max, Queiroz disse apoiar qualquer candidato que vier a ser lançado pelo partido do presidente, pois é fundamental ter a maioria no Congresso.

"Estou vendo um partido conservador, e caso consiga êxito no pleito, meu apoio será incondicional às pautas conservadoras e do Planalto", afirma.

Apesar da manifesta intenção de concorrer, Queiroz ainda não está filiado a partido político. No dia 9 de dezembro de 2021, ele se reuniu com a presidente nacional do PTB, Graciela Nienov. Mas afirma não ter conversado com ela sobre uma candidatura.

Queiroz tem dito que, por sua ideologia política, poderia caminhar pelo PTB ou outro partido de direita. Presidente do PTB do Rio, o deputado estadual Marcus Vinicius Vasconcelos diz ainda não ter sido procurado por Queiroz.

"Nem por WhatsApp, Facebook, Instagram...Nem no Orkut", brinca.

Queiroz chegou a ser preso em junho de 2020, em Atibaia. Mas foi solto graças à decisão do então presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio de Noronha.