Além do problema da seca dos rios, de onde a água é retirada para irrigar lavouras, a região sudoeste do Tocantins enfrenta outra prática que pode afetar o meio ambiente. O promotor de Justiça Francisco José Pinheiro Brandes Júnior instaurou um procedimento administrativo para apurar se a Prefeitura de Lagoa da Confusão está autorizando desmatamentos no lugar do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).Na portaria que abre a apuração, o promotor considera que o município pode estar usurpando uma atribuição que é do órgão estadual. De acordo com o promotor, a lei estadual, de nº 1.236, de 2001, que cria a política florestal no Tocantins, fixa em seu artigo 13, que a execução "de qualquer tipo de desmatamento necessário ao uso alternativo do solo depende de autorização do Naturatins".O órgão estadual também é responsável pelo monitoramento e a fiscalização do aproveitamento de madeira, material lenhoso ou outros produtos e resíduos florestais decorrentes dessas atividades.Aberta a partir de uma denúncia anônima, a investigação mira 12 áreas que teriam sido desmatadas entre 2017 e 2020, na gestão do ex-prefeito Nelsinho Moreira e teriam sido autorizadas pela ex-secretária de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Suzanny’ Clayr Leão Coelho. Todas as áreas suspeitas, somadas, chegam a 1.174,0641 hectares desmatados:1 – Chácara Barreira, área desmatada: 10,75 hectares;2 – Chácara Dois Irmãos, área desmatada: 4.73,50 hectares;3 – Fazenda Lagoa de Arroz, área desmatada: 243,1939 hectares;4 – Chácara 101, área desmatada: 41,39 hectares;5 – Fazenda Santiago, área desmatada: 408,1658 hectares;6 - Chácara da Pedra, área desmatada: 6 hectares;7 – Chácara Canaã Agrícola, área desmatada: 24 hectares;8 – Loteamento Cana Brava gleba I n° 67, área desmatada: 54,36 hectares;9 – Chácara Bom Jardim, área desmatada: 24 hectares;10 – Parte lote 16, lote 69 – B e lote 70, área desmatada: 330,4544 hectares;11 - Chácara Caeira, área desmatada: 40 hectares;12 – Fazenda Vitória, área desmatada: 2,5 hectares.Após uma diligência da promotoria, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, confirmou algumas dessas autorizações, do ano passado. O JTo conferiu as autorizações da Fazenda Lagoa de Arroz; da Chácara Barreira; Chácara Reis; Chácara Dois Irmãos; Chácara 101 e Fazenda Santiago. Todas assinadas pela então titular Suzanny’ Coelho.Ao JTo, o promotor ressalta que a apuração está em fase inicial e que pretende apurar se essas autorizações de desmatamentos, via prefeituras, estão ocorrendo nos demais municípios da Bacia do Rio Araguaia. “Principalmente dada a excessiva flexibilização das normas de licenciamentos ambientais e inconstitucionalidade desses atos”, afirma.