O senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) recebeu pelo menos R$ 29 milhões em propina entre 2010 e 2014, é o que acusa a Procuradoria-Geral da República (PGR), que ainda pede a reparação de R$ 154,7 milhões aos cofres da União.

A propina teria sido paga ao senador alagoano através de um contrato entre a BR Distribuidora e a empresa Derivados do Brasil (DVBR) para troca de bandeira de postos de combustível. As investigações são decorrentes da Operação Lava Jato.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot apresentou a denúncia em agosto de 2015, mas estava em segredo de Justiça, porém, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo na última quinta-feira (20).

Janot afirma ainda que Collor recebeu propinas de contratos para construção de bases de distribuição de combustíveis entre a BR Distribuidora e a UTC Engenharia. A PGR diz que o senador fez parte de uma "organização criminosa relacionada à BR Distribuidora" destinada ao desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo Janot, a quadrilha agia por influência do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), legenda onde o parlamentar ficou até março. Ainda de acordo com o procurador, a BR Distribuidora era comandada por grupos do PTB, PMDB e PT. Collor teria influência nas diretorias de Redes de Postos de Serviço e a de Operações e Logística, além de ser o comandante da organização criminosa, composta também por servidores do Senado, da BR Distribuidora e da Polícia Federal.

A mulher do ex-presidente, Caroline, e outras sete pessoas também foram denunciadas. Collor já responde 30 vezes por corrupção passiva, 376 por lavagem de dinheiro e 48 por peculato.

Além da condenação criminal, Rodrigo Janot pede que os detentores de cargo ou emprego público ou de mandato eletivo percam também suas funções e que os R$ 30,9 milhões de lavagem de dinheiro sejam judicialmente apreendidos ou sequestrados a título de reparação da União.

Luxo
A Operação Lava Jato descobriu que o senador comprou carros luxuosos para lavar o dinheiro recebido como propina. Entre os veículos, estão um Lamborghini, modelo Aventador Roadster, ano 2013/2014, avaliado em R$ 3,2 milhões; uma Ferrari modelo 458 Itália, ano 2010/2011 com valor estimado em R$ 1,45 milhão; além de um Bentley, uma Land Rover e um Rolls Royce.

A denúncia mostra que os automóveis foram pagos ou financiados através de empresas de Collor. Diferente do que foi feito com o Bentley, que parte da quantia foi paga por transferências diretas da empresa Phisical Comércio Importação e Exportação, operada pelo doleiro Alberto Youssef.

Além dos carros, uma casa de R$ 4 milhões em Campos do Jordão (SP), obras de arte, como um quadro de Di Cavalcanti avaliado em R$ 1,5 milhão e apreendido em 2015, também foram utilizados para lavar dinheiro.

De acordo com a PGR, o ex-presidente fez ainda empréstimos fictícios no valor de cerca de R$ 35,6 milhões.