Lailton Costa
lailton.costa@ojc.com.brEm desdobramento da Operação Catarse que investiga a suspeita de funcionários fantasmas no governo do Estado a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em cinco endereços em Palmas e outro em Natividade, nesta terça-feira, 16.
Todos os alvos, segundo a Polícia, mantiveram contatos telefônicos com a servidora pública alvo da 5ª fase em Paraíso, em dezembro de 2018. Ela é investigada por suposto peculato (apropriação de recursos públicos) e suspeita de ser “servidora fantasma” da Secretaria de Governo. Ela é proprietária de uma clínica de estética em Paraíso onde realiza atendimentos diários. Um relatório policial com prints de diálogos da servidora em aplicativos contém 76 páginas e entre seus interlocutores estão os alvos desta fase.
Entre os destinatários da busca e apreensão está o ex-secretário estadual de integração e ex-chefe de gabinete do governo Marcelo Miranda (MDB) Elmar Batista Borges, conhecido como Cenourão, 56 anos. Filiado ao PV de Natividade ele disputou a Assembleia Legislativa em 2018, mas não se elegeu. Na casa dele, a Polícia Civil apreendeu um celular e um notebook.
Também foram alvos busca e apreensão na capital Jaiana Rodrigues Cardoso Gomide e Tania Marcia Rosalves Lopes - auxiliares de Elmar no gabinete-, Fagner Vieira Lima, Elaine Rocha Chaves Menegon e Janio Potengi Cirqueira de Carvalho. A polícia apreendeu celulares, equipamentos eletrônicos e documentos, entre eles, três ofícios do gabinete do deputado federal Eli Borges (SD) datados de 2018 e 2019 em posse de Elaine Rocha.
Sem aviso prévio
A determinação partiu da juíza da 1ª Vara Criminal de Paraíso, Renata do Nascimento e Silva, que autorizou a operação, sem a prévia comunicação às chefias das unidades policiais envolvidas. A medida contornou a censura imposta aos delegados pelo Manual da Polícia Civil publicado em março e contou com parecer favorável do promotor de Justiça Juan Rodrigo Carneiro Aguirre.
Ao afastar a mordaça, a juíza cita a necessidade de sigilo do caso até o cumprimento dos mandatos e afirma que os alvos possuem “influência direta nos altos escalões do Poder Executivo Estadual” e também na própria Polícia Judiciária.
Conforme a juíza, a servidora investigada nutre relacionamento de proximidade com delegada de Polícia Raimunda Bezerra, até ano passado, em Paraíso do Tocantins. Raimunda é a atual delegada de Polícia do interior. Nesse cargo, é a substituta automática nos cargos em comissão de Diretor de Polícia da Capital e Delegado Geral.
Outro lado
A defesa da servidora investigada afirma que desconhece o teor do processo que deferiu a busca e apreensão domiciliar das pessoas citadas. Ressalta ainda que “sua cliente sempre trabalhou com seriedade e responsabilidade”.
A defesa afirma ainda que no último semestre de 2018, a servidora solicitou três férias vencidas, todas aprovadas pela administração pública e, na sequência, requisitou licença para interesse particular sem remuneração, também deferida. “Ademais, quando da instauração do inquérito mencionado a mesma já estava de licença sem remuneração”, afirma a defesa.
Elmar Borges disse ao JTo que a servidora investigada não pertencia a sua pasta e o motivo do contato com ela se deu por ter sido procurado por ela para que testemunhasse sobre a situação funcional dela no final do ano passado. “Como eu a conheço eu disse que iria, sim, e foi apenas isso”.
O JTo não conseguiu contato com os demais alvos.
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