O general Eduardo Pazuello, atualmente assessor especial da SAE (Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos) no governo Jair Bolsonaro (PL), completou nesta quinta-feira (20) um mês com sua agenda pública preenchida pelos termos "sem compromisso oficial" e "recesso".

O ex-ministro da Saúde, que submergiu depois da conturbada passagem pela pasta e das investigações sobre sua gestão na Justiça e na CPI da Covid, foi nomeado para o órgão no Palácio do Planalto em junho de 2021 e ocupa a atual função desde outubro.

Seu dia mais recente com tarefa, segundo a agenda oficial, foi 16 de dezembro: "Despacho interno" —explicação genérica que se repete na maior parte das datas. De 20 de dezembro em diante, ele emendou o recesso natalino com uma sequência de dias sem compromisso oficial.

Pazuello sofreu um acidente de moto no Rio de Janeiro em 24 de dezembro, mas não há registro de licença médica nem de férias desde então. Procurada, a secretaria afirmou em nota que o calendário disponível no site reflete a agenda de trabalho do assessor no período.

O órgão disse ainda que as anotações "sem compromisso oficial" ou "despacho interno" são usadas "para descrever períodos em que o servidor está envolvido em atividades administrativas de rotina, como a análise de documentos e despachos internos com outros integrantes do mesmo órgão".

Sem responder sobre os trabalhos executados por Pazuello na função, a secretaria afirmou que cabe a ele "assistir diretamente" o secretário especial da SAE, o almirante Flávio Rocha. A natureza da função justificaria a escassez de informações na página oficial.

"Os processos e fluxos administrativos inerentes a este cargo [de Pazuello] não requerem, via de regra, a recepção a autoridades ou outro tipo de evento oficial que justificariam lançamentos mais frequentes em sua agenda", diz a nota.

Na agenda de Rocha ao longo dos últimos 30 dias constam 12 registros de despachos internos, mas, como não são discriminados detalhes nem participantes, é impossível saber se o auxiliar participou de reuniões com o titular da secretaria.

O último compromisso detalhado de Pazuello foi em 8 e 9 de dezembro, uma viagem a Manaus (AM) para acompanhar a assinatura de um contrato do Banco do Brasil com o estado do Amazonas, governado por Wilson Lima (PSC). O governo gastou R$ 3.800 com as passagens do assessor.

General da ativa do Exército, Pazuello acumula dois tipos de remuneração como servidor público federal: a militar foi de quase R$ 23 mil em agosto de 2021 e a civil foi de R$ 9.000 em novembro de 2021, conforme as atualizações mais recentes do Portal da Transparência.

O jornal Folha de S.Paulo noticiou nesta quinta-feira (20) que o governo Bolsonaro mantém sigilo de cem anos e nega acesso ao processo interno do Exército que decidiu não aplicar nenhuma punição ao general pela participação em um ato político ao lado do presidente Bolsonaro em maio de 2021.

A nomenclatura completa do cargo de Pazuello é: assessor especial do secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.