Uma confissão de dívida de R$ 8,795 milhões da Warre Engenharia e Saneamento a Alvicto Ozores Nogueira, conhecido como Kaká, é alvo de uma ação na Justiça de Goiás, na qual o juiz Átila Naves Amaral entendeu se tratar de uma cobrança de propina. A sentença narra que o governo estadual do Tocantins tinha uma dívida de R$ 18,437 milhões com a Warre e Kaká, na época presidente da Agência de Máquina e Transportes do Tocantins (Agetrans), cobrou para fazer o pagamento. A negociação teria ocorrido em dezembro de 2014.A Warre conta que a dívida com o governo é decorrente de um crédito remanescente da correção monetária do contrato de 1989 da construção do Palácio Araguaia. E que para receber o valor devido assinou um documento de confissão de dívida no dia 10 de dezembro de 2014 no valor que seria a propina - R$ 8,795 milhões.Conforme a própria Warre, no dia 22 de dezembro de 2014 o dinheiro foi depositado. Mas a empresa se recusou a fazer o pagamento da suposta propina, o que levou a discussão à Justiça.Nos autos, Kaká Nogueira conta que a dívida da Warre com sua empresa é referente a uma locação de maquinário e que não houve cobrança de propina para pagamento de dívida do governo do Estado.DívidaKaká relata à Justiça que firmou um contrato com a Warre em 2011, quando não era secretário do governo do Tocantins, de locação de maquinário. E com base nesse contrato locou à Warre seis escavadeiras hidráulicas, oito tratores de esteira e seis motoniveladoras para execução de obras de terra plangem na rodovia TO-050, entre os municípios de Silvanópolis e Pindorama. O contrato previa a locação à Warre para o período de 1º de dezembro de 2011 a 30 de novembro de 2014, no valor de R$ 9,8 milhões. Porém, o proprietário da Warre, Paulo Tarso Daher, em depoimento à Justiça, disse que o contrato foi assinado em dezembro de 2014 e não em 2011, mesma época da assinatura do termo de confissão, que teria sido feito por coação. SentençaPara o juiz Amaral, é muito estranho que Kaká, nomeado para o cargo de secretário estadual de Infraestrutura do Tocantins em outubro de 2014, cargo esse que acumulou com o de presidente da Agetrans e da Companhia de Mineração do Tocantins, tenha um documento de confissão de dívida assinado pelo proprietário da Warre dias antes de autorizar o depósito de R$ 18 milhões para a empresa.O magistrado registra que as medições da obra para qual Kaká teria locado as máquinas à Warre referentes ao período de dezembro de 2011 a abril de 2012, coincidem com decreto de paralisação das obras em virtude do período chuvoso, conforme teria sido publicado no Diário Oficial do Tocantins.Amaral conclui que o termo de confissão de dívida tem origem na coação à Warre, que visando receber seu crédito com o governo do Tocantins, assinou o instrumento em favor de Kaká, que era o secretário de Infraestrutura e autoridade para viabilizar ou não o pagamento da dívida. Para ele, o documento se trata de uma formalização do pagamento de propina e por isso ilegal. O juiz lembra que Kaká chegou a ser preso durante investigações da Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF) por irregularidades em obras públicas cometidas na época que era secretário.Amaral condenou Kaká a pagar R$ 15 mil referentes às custas processuais e honorários advocatícios.