Todos os mandados da Operação Nosotros foram cumpridos. Somente o prefeito Carlos Amastha (PSB), que está em viagem, ainda não foi ouvido pela Polícia Federal (PF). Segundo seu advogado, Leandro Manzano, foi protocolada uma petição demonstrando que o gestor está em Barcelona, na Espanha, para participar do Smart City Expo £ World Congress e que tão logo ele retorne, no próximo dia 19, vai prestar as informações necessárias à PF.

Ao todo foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal (TRF) 22 mandados (10 de condução coercitiva e 12 de busca e apreensão) nas cidades de Palmas, Gurupi, Curitiba (PR) e Florianópolis (SC).

O advogado dos empresários da União do Lago Empreendimentos Imobiliários, Mateus Macedo, informou ao Jornal do Tocantins que seus clientes Darci Garcia da Rocha e Diego Augusto de Souza Honório, “não têm qualquer envolvimento nos fatos investigados pela Polícia Federal” e que eles são apenas declarantes, ou seja, não teriam participação e nem conhecimento do esquema investigado. “Tanto não sabem que talvez as informações prestadas à PF nem colaborem tanto com a investigação.”

Segundo o superintendente da PF no Tocantins, Arselino Vieira Damasceno, os suspeitos de envolvimento no suposto esquema sobre a utilização da máquina pública de Palmas envolvendo o processo de licitação do Bus Rapid Transit (BRT) já foram ouvidos e agora a polícia trabalha na análise dos materiais apreendidos na quinta-feira. “A investigação continua, agora vamos explorar os documentos e definir os próximos passos de acordo com o que for confirmado.”

O secretário municipal de Finanças, Cláudio Schuller, o procurador-geral do município, Públio Borges e o presidente da Fecomércio, Itelvino Pisoni também foram ouvidos pela PF e procurados pela reportagem para comentar o assunto, seus telefones estavam desligados.

Esquema

As investigações da PF, que culminou na Operação, chegaram a conclusão que pessoas ligadas à Prefeitura de Palmas, em conjunto com grandes imobiliárias, estariam coagindo donos de terras para que cedessem, a título gratuito, com o interesse na valorização das terras com a implantação do BRT. Outro ponto identificado pela PF foi a cobrança elevada do valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para pressionar os proprietários e com a anuência da gestão.
A Prefeitura, por sua vez, rebateu por meio de nota que busca informações na PF e colabora com as investigações. Já Manzano afirmou que a denúncia teria partido de um proprietário de terras que teve um alto valor em IPTU, mas que o que foi cobrado é relativo ao seu montante de área.

O delegado da PF, Rodrigo Borges Correia, explicou que as informações iniciais chegaram pelo Ministério Público Federal (MPF) e então o inquérito foi instaurado a fim de apurar uma suposta fraude na licitação do BRT. Com a análise dos dados técnicos, ele informou que foi identificado que algumas imobiliárias, que a princípio não teriam afinidade com o projeto, estariam subsidiando empresas que iriam participar e ainda que o material apreendido deve subsidiar denúncia por corrupção.