O deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou nesta segunda-feira (28) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “não é maluco” e não irá mentir sobre o conteúdo da conversa entre eles. O deputado voltou a insinuar que há uma gravação do encontro sobre a vacina Covaxin.

“Eu sei que eu não estou mentindo. Ele também sabe. Ele não vai mentir, ele não é maluco. O presidente deve ter um pouquinho de juízo, ele não vai mentir”, disse em entrevista Congresso em Foco. “Ele não vai me fazer acabar com a minha vida política e com a dele mostrando algo que eu não quero mostrar.”

Em entrevista no sábado (26), o deputado afirmou que ele, como congressista não gravaria um presidente da República. Mas insinuou que seu irmão, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, poderia ter gravado a conversa com o presidente.

Na sexta-feira (25), Miranda afirmou na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado que Bolsonaro sabia de supostas irregularidades no contrato da Covaxin com o Ministério da Saúde desde o dia 20 de março. O deputado, que era aliado do presidente, disse ainda que Bolsonaro suspeitou do envolvimento do líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

Segundo Miranda, Bolsonaro perguntou se já havia indícios de que Barros estava envolvido no caso. Os irmãos responderam que não tinham investigados possíveis pessoas envolvidas. O deputado disse ainda que nem ele nem o Brasil sabe se o presidente fez algo depois de ser alertado

“Para ter certeza se o governo prevaricou ou não, cabe ao presidente mostrar quais foram as ações que foram tomadas na sequência. E, se foram tomadas, onde elas estão.”

O deputado também afirmou que ele não pode dizer quem está por trás das possíveis irregularidades, mas que a Polícia Federal precisa investigar. “Chama a atenção que em casos assim, o nome dele [Barros] sempre apareça”.

O congressista também criticou os ataques por parte do governo federal. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, afirmou, em 23 de junho, que a Polícia Federal abriria uma investigação de “denunciação caluniosa” contra o deputado e seu irmão.

“Se o governo não fez nada, a culpa não é nossa, a culpa é do governo de ter ocultado ou ter tentado não ter um escândalo de corrupção em sua gestão. E, para isso, ele [Bolsonaro] está disposto a tudo, inclusive aqueles que foram aliados no passado”, disse.

O deputado disse ainda que se sente traído pelo governo. Ao comentar sobre sua conversa com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, Miranda afirmou que recebeu apoio ao falar sobre o caso com ele. Mas, depois, foi retirado da relatoria da reforma tributária.

“Ele nomeou outra pessoa para a relatoria da reforma tributária mesmo tendo apertado a minha mão e dado a sua palavra de que a relatoria era minha. Foi uma represália”.