O relatório da Polícia Federal, da operação Nosotros, trata do indiciamento do prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), o secretário de Planejamento, Cláudio Schuller - na época na área de finanças -, o subprefeito da Capital, Adir Gentil, e o procurador-geral do Município, Públio Borges, e mais cinco empresários por crimes de excesso de exação - cobrança indevida de tributo -, corrupção passiva e ativa e associação criminosa.O inquérito trata de supostas vantagens dadas pela gestão pública a empresários em relação a construção do BRT, cobrança irregular de IPTU e negociações suspeitas entre o prefeito e pessoas do setor imobiliário. O caso agora está em análise no Ministério Público Federal (MPF) que decidirá se apresentará a denúncia ou não à Justiça.O inquérito conta que uma empresa teve informações privilegiadas em relação ao projeto do BRT. Porque antes da obra ter o apoio do governo federal, a prefeitura já havia autorizado a empresa a fazer prospecção de terrenos e estudos de solo na avenida Theotônio Segurado, trajeto do BRT.Para a PF, “tais estudos certamente redundariam em vantagens numa futura concorrência pública, pois poderiam embasar de antemão os custos do projeto, possibilitando o oferecimento de proposta mais vantajosa”. O inquérito mostra que outras empresas teriam se associado para lucrar com a valorização em terrenos decorrentes das obras do BRT. A gestão pública, em parceria com esses empresários da área imobiliária, teria adotado uma política tributária abusiva, cobrando valores indevidos do IPTU dos proprietários das áreas impactadas pelo BRT.A PF acrescenta que o prefeito fez um Decreto de Utilidade Pública dessas áreas, o que teria aumentado a pressão sobre os proprietários e favorecido o suposto grupo de empresários que tinham interesse em comprar os terrenos. O inquérito cita que pessoas teriam vendido suas áreas por valores bem inferiores. Em contrapartida, o prefeito Amastha teria cobrado dos empresários um plano urbanístico (Masterplan) para a área e com isso revogaria o decreto.DefesaO advogado do prefeito Amastha, Leandro Manzano, explicou que não houve ato ilícito por parte do gestor público. Ele frisa que a prefeitura cobrou os tributos conforme a legislação vigente - Planta Genérica de Valores e Código Tributário -, o que descaracterizaria o crime de excesso de exação.Manzano destaca que o relatório deixa claro que não houve troca de dinheiro entre as partes. E realmente a PF não fala de vantagens em espécie dada pelos empresários ao núcleo da prefeitura. “Ocorreu um ato de gestão, a prefeitura cobrou o IPTU dos devedores, por meio de ação judicial, o que enfatiza a legalidade do procedimento de cobrança. Em relação à desapropriação, uma grande área estava na mão de poucos que não a desenvolvia e o prefeito tomou uma medida para mudar essa realidade. Quando os empresários falaram que iriam desenvolver a área, Amastha disse que revogaria o decreto se eles apresentassem um Masterplan”, conta.Manzano argumenta que com o Masterplan o objetivo da gestão teria sido atingido, que era o desenvolvimento urbano da área, o que seria interesse coletivo e não pessoal. Para ele, isso derrubaria o indiciamento por crime de corrupção e associação criminosa.