O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) assinou um artigo intitulado "Limites e responsabilidades", no jornal O Estado de S.Paulo desta quinta-feira (14), onde afirmou que "nenhum país vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil".

No texto onde comenta a crise do coronavírus, o general também ataca a imprensa e orienta como deve ser feito o trabalho dos meios de comunicação. "A imprensa, a grande instituição da opinião, precisa rever seus procedimentos nesta calamidade que vivemos. Opiniões distintas, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, enfim, sobre o enfrentamento da crise, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. Sem isso teremos descrédito e reação, deteriorando-se o ambiente de convivência e tolerância que deve vigorar numa democracia."

O ex-presidente do Clube Militar do Rio de Janeiro ainda cita governadores, magistrados e legisladores "que esquecem que o Brasil não é uma confederação, mas uma federação, a forma de organização política criada pelos EUA em que o governo central não é um agente dos Estados que a constituem, é parte de um sistema federal que se estende por toda a União".

No artigo, Mourão defende limites para cada poder. "O terceiro ponto é a usurpação das prerrogativas do Poder Executivo. A esse respeito, no mesmo Federalista outro de seus autores, James Madison, estabeleceu “como fundamentos básicos que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário devem ser separados e distintos, de tal modo que ninguém possa exercer os poderes de mais de um deles ao mesmo tempo”, uma regra estilhaçada no Brasil de hoje pela profusão de decisões de presidentes de outros Poderes, de juízes de todas as instâncias e de procuradores, que, sem deterem mandatos de autoridade executiva, intentam exercê-la".

O vice-presidente critica as medidas de isolamento social, que teriam sido tomadas de "maneira desordenada", afirma que por isso, a "economia do País está paralisada" e que "as maiores quedas nas exportações brasileiras de janeiro a abril deste ano foram as da indústria de transformação, automobilística e aeronáutica, as que mais geram riqueza. Sem falar na catástrofe do desemprego que está no horizonte".

Por fim, ele diz que "enquanto os países mais importantes do mundo se organizam para enfrentar a pandemia em todas as frentes, de saúde a produção e consumo, aqui, no Brasil, continuamos entregues a estatísticas seletivas, discórdia, corrupção e oportunismo. Há tempo para reverter o desastre. Basta que se respeitem os limites e as responsabilidades das autoridades legalmente constituídas".