Aliados do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) avaliam que ele deve deixar o governo caso o presidente Jair Bolsonaro concretize a troca de comando da Polícia Federal, afastando Maurício Valeixo, indicado pelo ex-juiz.

O BR Político apurou que a notícia da queda de Valeixo, dada em primeira mão pela revista Crusoé, é real. Bolsonaro manifestou a intenção de mexer no comando da PF em meio à pandemia do novo coronavírus. A implicância do presidente com Valeixo é antiga. Ele ameaçou mudar o comando da PF no ano passado, no auge das investigações sobre seu filho Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz, mas, na ocasião, a oposição de Moro à ideia conseguiu garantir a permanência do aliado.

Agora é diferente. A relação entre o presidente e o ministro da Justiça vem se desgastando um pouco a cada semana desde o início do mandato de Bolsonaro. Moro até que aguentou engolir vários sapos calado. As coisas se complicaram em janeiro, quando Bolsonaro ensaiou lhe tirar a Segurança Pública, justamente a área responsável pelo controle da PF. Naquela ocasião, o ministro deixou claro que não continuaria no cargo. Aconselhado pelos generais do Palácio do Planalto, o presidente recuou.

Agora, aproveita uma série de mudanças deflagradas no governo em razão da pandemia para voltar de novo a artilharia para os lados de Moro. O ministro vem sendo cobrado pelo silêncio retumbante em relação aos atos do presidente, como as seguidas manifestações contra a necessidade de isolamento social e a ida, com direito a discurso, a um ato pelo fechamento do Congresso no último fim de semana.

A troca de seu homem de confiança na PF, combinada com a aproximação de Bolsonaro com o Centrão e políticos condenados como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto, devem ser as gotas d’água para que Moro deixe o governo e parta em voo solo, inclusive para uma carreira política, algo que aterroriza o entorno de Bolsonaro.