O juiz Sergio Moro aceitou, nesta quinta-feira (3), a denúncia contra o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci Filho, que vira réu na Operação Lava Jato, sob acusação de corrupção.

O ex-ministro, preso preventivamente em Curitiba, é acusado de receber propina do grupo Odebrecht a fim de defender os interesses da empresa.

Segundo a investigação, ele teria solicitado e coordenado o pagamento de R$ 128 milhões em propina pela Odebrecht, apontam planilhas apreendidas pela PF e intituladas "Posição Programa Especial Italiano" -alcunha atribuída a Palocci.

"Há razões fundadas para identificar Antônio Palocci Filho como a pessoa identificada pelo codinome 'Italiano' no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht", escreveu Moro, no despacho que acatou a denúncia.

O juiz citou como evidências mensagens trocadas entre executivos da Odebrecht e anotações de suas agendas, que fazem menção ao "Italiano" e ao ex-ministro em datas coincidentes.

Palocci é acusado de favorecer a empreiteira na aprovação de benefícios fiscais pelo governo e de interferir numa licitação do pré-sal da Petrobras em favor da Odebrecht, entre outros fatos.

Além dele, também viraram réus o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o casal de publicitários João Santana e Mônica Moura e outras dez pessoas.

O juiz Moro destacou, no despacho, que "a avaliação das questões de fato e de direito ora feita se faz em cognição sumária e é meramente provisória", e que não há juízo de valor na decisão de aceitar a denúncia.

Outro Lado

A reportagem fez contato com a defesa de Palocci, mas não obteve retorno até as 18h.

Em nota na semana passada, sua assessoria informou que a denúncia "veicula mais uma deplorável injustiça" e "não tem o menor apoio nos fatos". "Palocci não é, nunca foi e jamais será o Italiano", disseram os advogados.

A defesa de Vaccari afirmou que a denúncia é "absolutamente imprópria e se baseia exclusivamente em palavra de delator" e que "não existem provas". A defesa de João Santana disse que "a pressa em produzir denúncias a toque de caixa tem levado a absurdos como este".

Marcelo Odebrecht e outros ex-funcionários do grupo não estão se pronunciando porque negociam um acordo de delação premiada.