O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), encaminhou nesta segunda-feira (14) para a Procuradoria Geral da República o relatório da Polícia Federal que disse ter visto “atuação direta e relevante” do presidente Jair Bolsonaro (PL) na divulgação de desinformação contra o sistema eleitoral.Moraes fixou o prazo de 15 dias para Augusto Aras se manifestar sobre o caso. Cabe ao PGR avaliar se há elementos que justifiquem a apresentação de uma denúncia contra o presidente ou se a investigação deve ser arquivada.Na mesma decisão, Moraes compartilha os autos do processo com o inquérito que apura a atuação de milícias digitais antidemocráticas, sob sua relatoria, e com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que conduz um inquérito administrativo sobre os ataques do presidente contra o sistema eleitoral.“A Polícia Federal realizou diversas diligências e concluiu que os elementos de interesse obtidos durante a investigação corroboram a essência da forma de atuar desse grupo de pessoas, em convergência com o modo de agir já apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral por ocasião do inquérito administrativo instaurado também em decorrência da promoção da live”, escreveu Moraes.O ministro diz que as provas obtidas pela PF “interessam” ao TSE para “apurar e requerer medidas” contra os investigados. Moraes presidirá a Corte Eleitoral em setembro, a um mês das eleições. Ele assume a vice-presidência já no próximo dia 22.LIVE SOBRE URNAS ELETRÔNICASA investigação mirou a live de Bolsonaro do dia 29 de julho. O presidente havia prometido apresentar “prova bomba” de suposta fraude nas eleições de 2014 e 2018, mas na transmissão disse apenas que tinha indícios e repetiu informações já verificadas. O TSE apresentou uma notícia-crime contra o presidente, que foi aprovada de forma unânime pelo plenário e encaminhada a Moraes, que relata investigações sobre milícias digitais.Em relatório sobre a apuração, a PF afirmou ter identificado a existência de um grupo de pessoas que atua “com dolo, consciência e livre vontade, na produção e divulgação, por diversos meios, de narrativas sabidamente não verídicas ou sem qualquer lastro concreto”.“Nesse aspecto específico, este inquérito permitiu identificar a atuação direta e relevante do Exmo. Sr. Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na promoção da ação de desinformação, aderindo a um padrão de atuação já empregado por integrantes de governos de outros países”, disse a PF.“Em resumo, a live presidencial foi realizada com o nítido propósito de desinformar e de levar parcelas da população a erro quanto à lisura do sistema de votação, questionando a correção dos atos dos agentes públicos envolvidos no processo eleitoral, ao mesmo tempo em que, ao promover desinformação, alimenta teorias que promovem o fortalecimento dos laços que unem seguidores de determinada ideologia dita conservadora”, prosseguiu a PF.