A empresária Mônica Moura entregou ao Ministério Público Federal, ao fechar acordo de delação, registro com imagens de e-mail que ela disse ter usado para trocar mensagens com a presidente cassada Dilma Rousseff sobre o avanço da Lava Jato. Mônica, mulher e sócia do ex-marqueteiro do PT João Santana, afirmou que criou “no computador da presidente” uma conta de e-mail com nome e dados fictícios, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de Dilma Giles Azevedo.

O STF divulgou ontem os vídeos da delação do casal, depois de o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, retirar o sigilo da colaboração dos marqueteiros. Santana e Mônica foram responsáveis pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014

Ao Ministério Público Federal, Mônica entregou bilhete de passagens aéreas, trocas de mensagens no WhatsApp com a mulher de um ex-assessor de Dilma e imagens da conta de e-mail 2606iolanda@gmail.com, compartilhada com a petista, para, segundo ela, tratar sobre Lava Jato. As fotografias estão em Ata Notarial lavrada em 13 de julho de 2016 no 1.º Tabelionato Giovannetti, em Curitiba.

“A gente ficou pensando e ela falou no nome da mulher do presidente Costa e Silva. Ela que inventou o nome Iolanda e a gente criou esse e-mail”, afirmou. Conforme Mônica, a comunicação com Dilma era “cifrada” para tratar de Lava Jato, já que a petista, afirma, havia dito que o contato não poderia ser por telefone.

De acordo com a empresária, a troca de mensagens era feita na área de rascunho dos e-mails, sem que os textos fossem efetivamente enviados. As mensagens eram “metafóricas”.

“Amigo”

Dilma teria escrito, em 19 de fevereiro de 2016: “O seu grande amigo está muito doente. Os médicos consideram que o risco é máximo, 10. O pior é que a esposa, que sempre tratou dele, agora está com câncer e com o mesmo risco. Os médicos acompanham os dois, dia e noite”. “Eu entendi que a coisa estava bem complicada”, disse Mônica.

A empresária relatou ainda que Dilma avisou Santana sobre a prisão do casal, no ano passado. Em fevereiro de 2016, segundo a delatora, Dilma avisou Santana, por telefone, que ele e a empresária seriam presos.