O ministro da Fazenda, Joaquim Levy surpreendeu os integrantes do CMN (Conselho Monetário Nacional) ao se despedir deles na última reunião do ano e informar que não estará presente no próximo encontro, no fim de janeiro. De acordo com os presentes, o tom era de quem praticamente oficializou a saída do governo.

A reportagem ouviu o relato de dois assessores que estavam na reunião. Segundo eles, ao final da reunião, Levy desejou boas festas e bom final de ano a todos.

Em seguida, afirmou que, pelas perspectivas, não estará mais presente no CMN na primeira reunião do próximo ano, no final de janeiro.

Procurado pela reportagem, o ministro da Fazenda mandou dizer, por meio de sua assessoria, que revelar o que é dito dentro de reuniões do CMN é uma "infração funcional e que, por isso, não poderia nem confirmar nem desmentir" a informação.

O ministro da Fazenda divergiu novamente do governo na definição da meta fiscal de 2016. Ele era contra a redução, que acabou sendo aprovada, de 0,7% para 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Em conversas reservadas, ele vinha dizendo que, se a meta fosse reduzida, deixaria o governo.

Segundo a reportagem apurou, o Palácio do Planalto já está sondando nomes para substituir o ministro da Fazenda. O planejamento inicial da presidente Dilma era fazer a troca no início do próximo ano, de forma negociada, para não causar turbulências.

CONSELHO

O CMN é o órgão superior do sistema financeiro brasileiro e é responsável por formular a política da moeda e do crédito. Atualmente, o conselho é composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, e o presidente do Banco Central.

As reuniões do CMN são mensais e as decisões são regulamentadas por meio de resoluções divulgadas no Diário Oficial da União e na página de normativos do Banco Central.