O ex-deputado estadual Marcelo Lelis (PV) assumiu durante live do partido na noite de quinta-feira, 16, a pré-candidatura a prefeito da capital. Durante a live, Lelis disse que seu projeto político descarta “conchavos” ou “acordos feitos na calada da noite” para loteamento de cargos em troca de apoio, mas durante a coletiva virtual que se seguiu ao anúncio, disse que “não há veto” a nenhuma aliança.
 
Com o anúncio, será a terceira tentativa do pevista para administrar a capital, após as derrotas em 2008 para Raul Filho (que disputava pelo PT, e em 2012, para Carlos Amastha (PSB), numa eleição que lhe custou uma condenação da Justiça Eleitoral. Por contratação abusiva de cabos eleitorais, ele está há 8 anos sem poder disputar nenhum cargo por eleições e só poderá disputar em 2020 em razão da mudança de calendário ocorrida pela pandemia, que passou as eleições de outubro para novembro.
 
O tema da inelegibilidade chegou a aparecer na live, mas o pevista disse que não iria se debruçar sobre o fato, o qual tratou como um período de perseguição. Contudo, disse que aproveitou o período longe dos mandatos para se tornar empreendedor de uma pousada em Taquaruçu, ciclista e agora o único mandato que lhe interessa é na Prefeitura de Palmas. 
 
"Aceito com todas as letras a pré-candidatura", disse em alusão à “convocação” feita minutos antes pela esposa, a deputada Cláudia Lelis, presidente estadual do PV, e à campanha midiática feita pelos aliados para que ele se lançasse candidato. Segundo Cláudia Lelis, a candidatura de Lelis representa uma oportunidade para que ele retribua tudo que a cidade proporcionou ao ex-deputado.
 
Lelis adiantou alguns temas que irão pauta sua proposta de governo, que ele diz ter o nome de "Protocolo 43". A construção da Avenida Orla, ligando as praias da capital, e interligação das ciclovias em Palmas são alguns dos citados. Também disse que irá privilegiar a região norte de Palmas e o sul da capital, para a qual citou ser merecedora de um hospital e uma maternidade.  O pevista afirmou que pretende fazer uma gestão que vai ter a transparência como palavra de ordem e defendeu um projeto de campanha sem conchavos e acordos na calada da noite. 
 
Entrevista
Numa pré-campanha com uma dúzia de postulantes, o tema das alianças pautou parte de um bate-papo que o pevista manteve com cinco jornalistas convidados após a live do partido. Mediados por Cláudio Albuquerque participaram Sandra Miranda (Primeira Página), Maju Cotrim (Gazeta do Cerrado), Luiz Pires (Melhor Viagem) e Márcio Rocha (Folha da Capital). O JTo participou com o coordenador de conteúdo do site, Lailton Costa, que fez as seguintes perguntas ao pré-candidato ao longo do bate-papo de pouco mais de 70 minutos.
 
Quem você gostaria que estivesse em seu palanque e quem você não gostaria que estivesse?
Não há veto [a ninguém] e assim, é difícil para mim apontar e decidir olha, esse... Não, nós temos um projeto, estamos estabelecendo diálogo e eu tenho conversado com muitas forças políticas. Todas que acreditarem que esse é o caminho, que possam aceitar uma coligação sem definir que espaço de poder que terão na gestão, que possam definir uma coligação baseada apenas em ideias, no projeto, todas elas são bem-vindas. Não vai ter, pra nós, esse ou aquele. Vai ter quem está disposto a construir um projeto como esse. 
 
Qual sua visão sobre o Carnaval da Fé? 
Olha, é um evento que tem o seu peso, tem a sua força e a força dos evangélicos e o tamanho da comunidade evangélica de Palmas deve ser respeitada, como todas as outras comunidades e segmentos da nossa sociedade. Eu acho que o peso depende, deve ser medido muito pelo tamanho. Os evangélicos são grande parte da população de Palmas e devem ser respeitados e valorizados. O Carnaval da Fé é um evento que deve continuar no meu ponto de vista, mas é preciso respeitar todos os outros segmentos também. Todos eles. Desde o LGBT ao jovem que prefere a outra modalidade de Carnaval. Todos os segmentos no meu ponto de vista devem ser respeitados.
 
Lelis, no governo federal o PV integra o centro, que é chamado o novo centro, ligado ao Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados], tem o Centrão, com o governo Bolsonaro e tem a oposição. Então a pergunta é qual sua avaliação do governo Bolsonaro e se o senhor é a favor ou contra o impeachment do presidente.
Essa é uma resposta que eu me preparei para responder essa pergunta, por que sabia que ela seria feita, mas a minha resposta talvez não atenda a sua pergunta na íntegra. Mas a verdade é que eu não vou discutir governo federal não vou entrar nessa seara em momento nenhum da minha caminhada eu não vou tratar desse assunto, vou tratar de Palmas. A situação do Brasil é muito difícil está muito polarizado, a briga está muito acirrada, está muito pra lá e pra cá. E quem é daqui é inimigo de quem é do outro lado eu não vou entrar nesse mérito. Eu não vou discutir governo federal. Vou discutir Palmas. Vou discutir o governo municipal.
 
Mas o senhor não acha, por exemplo o senhor falou da questão diálogo com todas as forças, inclusive a questão da atuação do município. E o diálogo com o governo federal é a condição sem a qual o município não pode pleitear nenhum tipo de iniciativa de recursos da união, aval para empréstimos por exemplo. Mesmo assim o senhor prefere se omitir em relação ao governo federal?
No meu entendimento são duas coisas distintas uma coisa é discutir esse assunto nesse momento o momento que antecede as eleições, momentos de pré-campanha e campanha eu não vou discutir. Defini isso. Não vou emitir opinião sobre o que penso ou deixo de pensar do governo federal. Outra coisa é a institucionalidade. Eleito prefeito, eu serei o primeiro a abrir o diálogo com o governador independente dele ter me apoiado ou ter me atacado durante as eleições. Eleito prefeito, no outro dia vou bater em Brasília em qualquer gabinete e se possível no gabinete do presidente da República. É institucional. Uma coisa é o momento do debate político. Eu decidi que não vou entrar nessa briga, não vou entrar. Mas completamente diferente a relação institucional. Olha, eu não acredito em relação institucional como essa que a gente vê na pandemia. Um jogando para cima do outro. A prefeita jogando para o governador. O governador devolve pra prefeita. Eu nem acredito nisso. Eu acredito que você está à frente e um cargo é seu dever passar por cima do que for e buscar as parcerias para enfrentar os problemas das pessoas que confiaram em você e te colocaram no cargo. 
 
Institucionalmente, o senhor acha que a Presidência da República cumpriu seu dever no combate à pandemia?
Se Deus permitir e a população de Palmas e eu for eleito prefeito, aí institucionalmente eu vou tratar como governo federal, agora e prefiro não emitir minhas opiniões quanto a isso. Eu já disse que o diálogo pra mim é a ferramenta básica para o enfrentamento dessa crise. Aí agora as pessoas fazem as suas reflexões aqueles que seguem e são favoráveis vão entender de uma maneira e os que são contra de outra. É uma questão de interpretação. Mas eu penso que o diálogo é a ferramenta principal para o enfrentamento.
 
Há sete anos a prefeitura de Palmas "mora de aluguel", digamos assim, não tem a sede e o aluguel anual é de quase R$ 850 mil [ o aditivo publicado em fevereiro passou de R$ 669 mil para R$ 836 mil. Eu queria saber o que você pensa sobre essa política de ter a sede do executivo num prédio alugado.
Eu penso que passou de hora da prefeitura construir o seu paço municipal. Tem uma área destinada a isso no centro de Palmas. Ah, mas como é que você vai fazer. Vai economizar dinheiro do município, sim, mas vai buscar dinheiro federal sim. A vida toda, eu fui secretário e havia recursos para investimento como esse. Não tem como pagar um aluguel com aquele custo que a prefeitura paga eu penso que já passou da hora da prefeitura investir em sua estrutura existe a área própria e penso que as condições também existem juntando recursos próprios com financiamento ou até totalmente financiada por organismos do governo federal ou organismos de fora que também viabilizam recurso.