A Polícia Federal cumpre, na manhã desta terça-feira (21), 14 mandados da Operação Lava Jato autorizados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A reportagem apurou que as ações ocorrem no Recife, Maceió, Salvador, Rio e em Brasília

Não há políticos investigados nesta etapa da operação, mas pessoas vinculadas a eles. Alguns dos alvos têm relações com os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE), Humberto Costa (PT-PE) e o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) .

Os investigadores se basearam em informações de delatores da Odebrecht. Neste caso, os pedidos não integram os 320 pedidos de providência feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF na semana passada.

Foram medidas cautelares protocoladas ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, sem relação com o "pacote" entregue pela PGR.
As informações fornecidas pelos delatores podiam ser usadas desde 30 de janeiro, quando a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, homologou a delação da Odebrecht.

ALVOS

Um dos mandados envolve a Confederal, empresa de vigilância e transporte de valores no Distrito Federal, é ligada a Eunício. Outro alvo é o empresário Mario Barbosa Beltrão, ligado a Costa.

Em 2015, a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem em que revelou que o senador petista recebeu R$ 60 mil de Beltrão. Segundo o parlamentar, ele é um amigo de infância que lhe concedeu "um empréstimo", informado por ambos à Receita Federal.

Beltrão foi citado na Lava Jato em depoimento do primeiro delator da Operação, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras.
Segundo o executivo, Beltrão solicitou R$ 1 milhão "para auxiliar na campanha de Humberto Costa" ao Senado, em 2010.

Paulo Roberto disse que repassou o pedido ao doleiro Alberto Youssef "para que fizesse a entrega, como de praxe" e que depois Beltrão "lhe confirmou que os recursos foram recebidos".

PARA BRASÍLIA

O material apreendido será enviado para a PF em Brasília.

A investigação ligada à ação deflagrada na manhã desta terça está em segredo de Justiça.

A capital pernambucana já foi alvo da Lava Jato em agosto do ano passado, na 33ª fase.

Na época, suspeitas sobre a construtora Queiroz Galvão embasaram a ação. Havia indícios de que a construtora integrava um cartel para fraudar licitações da Petrobras, com o pagamento de propina a funcionários da estatal que se aproximariam de R$ 10 milhões.

A operação suspeitava de fraudes em contratos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, nas refinarias Abreu e Lima, Vale do Paraíba, Landulpho Alves e Duque de Caxias.