Na manhã desse domingo, 2, os parlamentares da Câmara Municipal de Araguanã, cidade às margens do Rio Araguaia, no norte do Tocantins, escolheram através de uma eleição indireta, a vereadora Irene Rodrigues Ramos Duarte (PSD), para mandato tampão até 31 de dezembro. Como oito votos a favor, Nilva, como é conhecida na cidade, venceu o pleito contra a ex-primeira-dama Raimunda Leite (PSC). A cerimônia de posse também ocorreu neste domingo. 

“Em primeiro lugar agradeço a Deus e a todas as pessoas que estiveram ao nosso lado durante essa caminhada. Ficou bem claro na nossa chapa a honestidade e lealdade. Pretendo dar continuidade a um mandato digno, honesto e trabalhando junto e em parceria com a Câmara Municipal.”, disse a prefeita após a sessão que a elegeu.

Nilva já estava no cargo de prefeita interina e contou que ficou assustada com toda a situação que o município atravessou. “Fique assustada e muito triste com tudo isso que se passou. Jamais passou por minha cabeça essa situação e agora estou em mandato de apenas quatro meses com todas as reviravoltas. Mas estou aqui para dar o meu melhor para minha cidade”, comentou.

A eleição ocorreu porque o prefeito e o presidente da Câmara Municipal morreram e não havia ninguém na linha sucessória para assumir o município. As regras e calendário saíram em publicações do Diário Oficial de sexta-feira, 17, e sábado, 18 de julho, em atos publicados pela presidente interina da Câmara, Arly Cássia (PSD). 

Hernandes Neves de Brito, o Hernandes da Areia (DEM) era o vice-prefeito eleito na chapa de 2016 com o prefeito Fernando Luiz dos Santos, o Fernando do Osmar (PSD), que renunciou em dezembro de 2017, em razão dos problemas pessoas e para não sofrer prejuízo em seus negócios rurais.

O democrata contraiu Covid-19 e se afastou para tratamento, quando o presidente da Câmara Cícero Cruz de Araújo (PSD) assumiu interinamente a gestão. No mandato em substituição, Cruz sofreu um infarto e morreu no dia 26 de junho. O prefeito afastado teve o quadro agravado e acabou por falecer por Covid-19, no sábado, 11 de julho, o que levou o município a realizar duas eleições nesse ano, uma indireta em agosto e a direta que será em novembro.

Covid-19

Sobre as medidas de combate à Covid-19, que segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), já infectou 67 pessoas e vitimou três na cidade, a prefeita eleita afirmou que as medidas já estão em vigor e que dará andamento nas ações. "Já estamos fazendo o possível e o impossível. Temos o decreto do uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento e isolamento. A prioridade é tratar bem nossa comunidade, em especial nossos servidores públicos", disse a chefe do executivo municipal. 

Compra de votos

Derrotada na eleição, Raimunda Silva Leite é esposa do ex-prefeito de Araguanã, Alan Brasil Alves de Sousa, que comandou o município até 2016. Após o resultado, a ex-primeira-dama conversou com o jornalista da CBN Tocantins Rafael Chaves e disse que a adversária venceu após compra de votos. “Primeiro queria agradecer a Deus e parabenizar a colega Irene pela eleição. Mas teve aí uma compra de votos. Ontem à noite (sábado) teve movimentação na casa dos colegas. Eu já sabia que isso iria acontecer, mas segui firme e forte e quis enfrentar até o fim. Teve gente que chegou a pedir que eu retirasse a chapa, mas eu disse não. Quis oferecer uma segunda chance a eles. Pois eu luto e quero o bem de Araguanã.”, pontuou.

Questionado se essa suposta compra de votos iria interferir na gestão da prefeita eleita, Raimundo disse que a gestão já desonesta. “A gestão já vem governando de forma desonesta. Então ela vai continuar e o mandato inteiro será assim. Não tem como fazer uma gestão boa. A saúde está caos, a educação está parada. É uma má gestão desde o início. Espero que se for ela mesmo que irá administrar e não tiver ninguém atrás da porta, espero que ela faça uma boa gestão.”, finaliza Raimunda Leite que encabeçava a chapa puro sangue com Cicero Alves de Sousa, ambos do PSC.

Prefeita

A pescadora Irene Rodrigues Ramos Duarte encabeçava uma chapa só de mulheres. Vereadora eleita em 2016, ela tem 50 anos e elegeu-se vereadora em 2016. Sua candidata à vice era Maria de Lourdes Fortaleza, a Maria do Telefone (DEM), piauiense de Ipiranga, 56 anos, que disputou uma vaga na Câmara, em 2016, pelo DEM. Segundo informações do jornalista Rafael Chaves, que acompanhou a sessão, a chapa de mulheres recebeu oito votos e apenas uma parlamentar não compareceu na votação.