Um incêndio atingiu o escritório da ex-contadora do delator da Lava Jato Alberto Youssef, Meire Poza, na noite desta quinta-feira (31) no bairro do Itaim Bibi, zona sul de São Paulo.

Poza colaborou com a Polícia Federal na Lava Jato revelando a ligação de Youssef com empreiteiras e entregando documentos usados na investigação.

Um deles tem ligação com a 27ª fase da operação, batizada de "Carbono 14", que prendeu o empresário Ronan Maria Pinto e o ex-secretário do PT Silvio Pereira nesta sexta-feira (1º).

O documento em questão é um contrato que indicaria que o publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão, destinou R$ 6 milhões a Ronan, que é dono do jornal "Diário do Grande ABC".

Segundo depoimento de Valério, esse valor foi pago a pedido do PT para que o empresário não revelasse o que sabe sobre um esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André e a relação do caso com o assassinato do então prefeito Celso Daniel, em 2002.

Segundo os investigadores, o dinheiro pago ao empresário teria vindo de um empréstimo fraudulento contraído pelo pecuarista José Carlos Bumlai com o banco Schahin em nome do partido governista. A dívida teria sido paga com a concessão de um contrato bilionário da Petrobras ao grupo Schahin.

Poza disse "querer acreditar" que o incêndio foi acidental e não tem nenhuma relação com sua colaboração à Lava Jato. Ela afirma que não havia mais nenhum documento relativo à investigação no local.

"Todas as provas que eu tinha foram entregues à PF quando a operação foi deflagrada", afirma a contadora. Ela diz que só soube do incêndio ao ler a notícia na internet, nesta manhã.