O ministro Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional) apresentou nesta quarta-feira (4) uma proposta de reformulação do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.As mudanças incluem uma reformulação das faixas, com a priorização de subsídios para quem ganha até um salário mínimo, o estabelecimento de uma espécie de “locação” com poupança obrigatória para aquisição no futuro, e um braço para melhoria nas habitações.A proposta foi apresentada em audiência na Comissão de Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados. Leia a apresentação.Segundo o ministro, a intenção é adequar o programa, criado em 2009, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à “visão” do novo governo. Anteriormente, Canuto havia mencionado a possibilidade de alterar o nome da iniciativa, essa intenção, no entanto, não foi confirmada em comissão.Disse, ainda, que essa é uma primeira proposta, que ainda será debatida com o setor e a sociedade. Se forem levadas adiantes, as alterações passariam a valer no ano que vem.NOVAS FAIXAS DE RENDAO novo desenho divide o programa em duas camadas. Uma será destinada a famílias de baixíssima renda (ganho bruto de até um salário mínimo). Essa será totalmente financiada com recursos públicos. A segunda será destinada à baixa e média renda (ganho de 2 a 7 salários mínimos).O ministro afirmou que o parâmetro de “um salário mínimo” para renda será ajustado de acordo com a região pelo “fator de localização”. Segundo ele, essa flexibilidade levará em conta o fato de que o poder de compra é diferente em diferentes localidades. “Isso permite que famílias que tenham uma renda maior em regiões onde o custo é maior possam acessar o programa, porque estão na mesma situação de vulnerabilidade de pessoas que têm uma renda maior em outro local”, afirmou.Devido à nova sistemática, o ministro nega que o programa restrinja a população a ser atendida pelo financiamento. “Não há intenção de diminuir abrangência disso. Sete salários pode facilmente chegar a R$ 9 mil com o fator de localização”, disse.Hoje, a faixa um do programa atende a famílias com renda de até R$ 1,8 mil. O subsídio é de 90%. As outras faixas de financiamento incluem quem ganha até R$ 9 mil.Em relação aos financiamentos, Canuto não detalhou quais serão as taxas de juros aplicadas. Disse que isso ainda está em estudo junto ao Ministério da Economia.Eis o financiamento nas faixas:Baixíssima renda – faixa 1: famílias com renda bruta de mensal de até um salário mínimo (ajustado por fator de localização). Valor médio do imóvel: R$ 80 mil. Subsídio: 100%;Baixa e média renda – nível 1: famílias com renda bruta de mensal de até dois salários mínimos (ajustado por fator de localização). Valor médio do imóvel: R$ 80 mil. Subsídio: 50%. Taxa de juros reduzidas e desconto FGTS;Baixa e média renda – nível 2: famílias com renda bruta de mensal de 2 a 4 salários mínimos (ajustado por fator de localização). Taxa de juros reduzidas e desconto FGTS;Baixa e média renda – nível 3: famílias com renda bruta de mensal de 4 a 7 salários mínimos (ajustado por fator de localização). Taxa de juros reduzidas.“LOCAÇÃO” DO IMÓVEL Outra mudança é a inclusão da possibilidade de uma espécie de locação de imóvel. Por essa proposta, a família passa a morar na habitação, mas não se torna proprietária.Para a população de baixíssima renda, não haverá cobrança de taxa. Já para as outras faixas, será criado o que o ministro chamou de “poupança imobiliária”. Ele refutou o termo “aluguel”. “Ao final, essa poupança poderá ser usada pela família para comprar esse imóvel ou outro imóvel que ele queira. É dele”, disse o ministro.RECURSOS PARA O PROGRAMACanuto afirmou que está em contato com o Ministério da Economia para garantir mais recursos para o programa, após os bloqueios de recursos orçamentários neste ano que reduziram as verbas disponíveis. De acordo com ele, o investimento está “aquém das necessidades”.“O Ministério da Economia sabe da importância, o presidente também, e vai fazer o possível para ‘raspar o tacho’ para que o programa não seja comprometido”, disse.Segundo Canuto, a execução no primeiro bimestre será de cerca de R$ 2,7 bilhões. Para o segundo semestre, a previsão é de cerca de R$ 1,2 bilhão, cerca de R$ 200 milhões por mês.