O ex-diretor de Inteligência da Polícia Federal, delegado Claudio Ferreira Gomes, afirmou em depoimento nesta terça, 19, que a produção de relatórios de inteligência da PF bateu recorde no ano passado e que não houve queda de produtividade no período. Ele também negou ter recebido pedidos da Presidência da República sobre investigações em andamento.“O número de documentos de inteligência produzidos pelo Sistema de Inteligência da Polícia Federal (Sinpol), no ano de 2019, foi superior aos anos anteriores”, afirmou Gomes. “Esses documentos consistem em, além de relatórios de inteligência propriamente ditos, pedidos de informação, elaboração de informes e informação, elaboração de investigações sociais, tratamento e processamento de dados recebidos pelo disk-denuncia, dentro outros”.As reclamações sobre relatórios de inteligência foram usadas como justificativa do presidente Jair Bolsonaro para demitir Maurício Valeixo da direção-geral da PF, o que levou à saída de Sérgio Moro do governo. Em depoimento, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) relatou que durante reunião ministerial do dia 22 de abril, Bolsonaro afirmou que iria ‘interferir em todos os ministérios’ para ‘melhorar a qualidade dos relatórios’.Gomes afirmou que, durante sua gestão na chefia da Inteligência da PF, nunca houve ‘qualquer pedido da Presidência da República por relatório de inteligência relacionado a investigações policiais em curso’. Ele também diz que não tem conhecimento sobre ‘qualquer diminuição na produção de dados de inteligência no Rio’.O diretor de Inteligência da Polícia Federal, Claudio Ferreira Gomes, afirmou em depoimento que nunca houve qualquer pedido da Presidência da República por relatório de inteligência relacionado a investigações policiais em curso.Segundo ele, a diretoria de Inteligência fica responsável pela produção de relatórios com informações estratégicas que dizem respeito a assuntos de interesse nacional, difundidos pelo Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). Segundo ele, a maior parte desses relatórios é dirigida à própria PF, mas são compartilhados para auxiliar outros órgãos integrantes do sistema.Gomes também informou que, embora Moro nunca tenha formulado pedido relacionado a investigações policiais em curso, ele entregou, em uma única oportunidade, um relatório de inteligência que dizia respeito a uma investigação já concluída no âmbito da Polícia Federal. Não é informado qual operação se tratava.O ex-diretor de Inteligência diz que relatórios sobre investigações em andamento eram entregues ao diretor-geral, mas que tratavam de ‘questões pontuais relacionadas a investigações em curso que precisam ser levadas ao conhecimento do diretor-geral para auxiliar a tomada de decisão relacionada a questões logísticas, administrativas e operacionais’.“Não se tratam de relatórios de inteligência, mas de dados necessários ao atendimento das demandas necessárias de ordem administrativas, logística e operacional”, pontuou.