Atualizado às 11h49

O pronunciamento do presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), em rede nacional na noite desta terça-feira, 24, gerou polêmica entre a população, políticos, cientistas e profissionais da saúde. Durante a fala, o chefe do Executivo sugeriu a governadores e prefeitos que afrouxassem as medidas adotadas para prevenção e combate à pandemia do COVID-19, o novo coronavírus.

Como reação ao pronunciamento, o governador do Tocantins, Mauro Carlesse, afirmou em nota que irá seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, que é manter o isolamento.

O comunicado diz que governador manterá várias medidas para proteger a população e evitar a propagação do novo Coronavírus no Estado.

O Estado destaca que o  Tocantins foi um dos primeiros estados a apresentar o plano de contingência para a COVID-19. “Foi também um dos primeiros estados a criar um comitê de crise formado por todos os poderes, órgãos de controle, forças de segurança e especialistas em saúde, para debater a antecipação de ações com o objetivo de minimizar os impactos da chegada da doença ao Estado”, frisa o Palácio Araguaia.

A Secretaria da Comunicação do Estado enfatiza que o Governo decretou estado de calamidade pública, já aprovada pela Assembleia Legislativa do Tocantins, além de determinar a aquisição de seis mil testes rápidos para aferir a COVID-19 e também o reforço no estoque de equipamentos de proteção individual para assegurar aos profissionais da saúde as condições necessárias para atenderem a população.

A nota lembra que o Chefe do Poder Executivo também determinou a antecipação das férias escolares e a entrega de kits de alimentos para as famílias dos alunos da rede estadual. E ainda, autorizou os Secretários de Estado a implantarem o trabalho remoto para os servidores, preservando principalmente os grupos de risco, mas também outros colaboradores que podem realizar o trabalho em casa.

O Estado também restringiu o número de passageiros em 50% da capacidade dos veículos do transporte intermunicipal e recomendou aos municípios o fechamento de empresas que não prestam serviços essenciais. Nesta terça-feira, 24, o governador Mauro Carlesse assinou Medida Provisória proibindo por 90 dias o corte no fornecimento de água e energia elétrica.

Por último, a pasta ressalta que o Governo do Tocantins também orienta à população para que fiquem em casa. “O objetivo é evitar a propagação do novo Coronavírus, proteger a população e não permitir que haja um colapso na rede de atendimento em saúde no Estado. O Tocantins seguirá firme no propósito de manter a população livre do novo coronavírus e conta com a parceria dos demais Poderes, dos municípios, dos órgãos de controle e, principalmente, com a população”, finaliza.

Pronunciamento

“Devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem sim abandonar o conceito de terra arrasada... a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas”, afirma Bolsonaro citando novamente os termos “gripezinha” e “resfriadinho”, característica que ele já havia mencionado em relação ao vírus que mata milhares de pessoas em todo mundo desde janeiro deste ano.

Autoridades

Além da resposta do Governo do Tocantins, outras autoridades se manifestaram nas redes sociais contra o Presidente da República. Entre elas, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB). Ela afirmou que as medidas já adotadas pela prefeitura não serão alteradas devido à fala de Bolsonaro. “A luta é para permanecermos vivos. Não há precedentes na história do mundo sobre o que estamos enfrentando. Até que me prove o contrário, estatisticamente e de forma muito segura... em Palmas vamos permanecer seguindo as medidas adotadas. São vidas em jogo, não vamos arriscar”.

Já a senadora pelo Tocantins, Kátia Abreu (Progressistas), pediu em seu  Twitter que o Ministro da Saúde, Henrique Mandetta não decepcione a população brasileira. Em seguida, trouxe dados mundiais sobre a quarentena para evitar a doença. “Na Índia mais de 1 bilhão de pessoas terão que ficar em casa por 21 dias. Na China 1 ,5 bilhão ficaram em casa por 2 meses. E nós vamos fazer diferente? Nesta hora a ciência que deve nos orientar. Ninguém mais pode ousar”.

Entidades

Com relação a fala do Presidente Jair Bolsonaro, em nota, o Sistema Fecomércio afirma que entende que este momento é “extremamente crítico”, por isso, a saúde das pessoas e dos colaboradores vem em primeiro lugar. “A Fecomércio está trabalhando para atuar em prol do empresariado tocantinense e está avaliando possibilidades e ações que ajudem a minimizar o impacto econômico que o coronavírus está causando em nossas vidas”, afirma um trecho da nota.

O Jornal do Tocantins questionou a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Palmas (CDL) sobre o posicionamento da entidade a respeito do discurso do presidente, porém, a assessoria de comunicação afirmou que neste momento, a CDL não teria nada declarar sobre a fala de Bolsonaro. “Nós esperamos que a situação se resolva o mais rápido possível, pois nossa preocupação é com a população palmense de forma geral e com a classe empresarial”.

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