-Imagem (1.663293)Atualizada às 11:18 de 27/09*Errata: A matéria publicada trazia a informação o ex-governador Sandoval Cardoso tinha designados policiais tocantinenses para acompanhar o caso, mas na verdade, a designação veio do então secretário de Segurança Pública José Eliú Jurubeba Na decisão em que determinou a prisão do ex-governador Marcelo Miranda, o juiz federal João Paulo Abe revela que, Douglas Marcelo Alencar Schmitt, um dos presos no escândalo do avião apreendido em Piracanjuba (GO) com R$ 504 mil, atribuídos a caixa dois da campanha de Miranda, foi pressionado a mudar sua versão inicial no sentido de não atribuir o montante apreendido ao ex-governador. O escândalo de Piracanjuba aconteceu em 18 de setembro de 2014, em plena campanha eleitoral, e culminou na segunda cassação de Marcelo Miranda.Segundo relata o magistrado, o Ministério Público Federal apurou que a família Miranda exerceu forte pressão sobre Douglas e os demais os investigados: Lucas Marinho Araújo, Roberto Carlos Maia Barbosa e Marco Antônio Jayme Roriz, para que os mesmos alterassem as versões dadas à Polícia Civil de Goiás no momento de suas prisões.O MP lembra que Douglas deu uma entrevista exclusiva para o Jornal Opção em que este afirmou ser integrante do grupo do Siqueira Campos, desde sua primeira eleição, e que há muito não tinha contato com Marcelo Miranda e tão pouco conhecia Júnior Miranda. Na visão do MP, uma clara reação da família Miranda em atribuir o escândalo de Piracanjuba a um golpe político da oposição. Entretanto, na ocasião da Operação Reis do Gado a Polícia Federal detalhou o vínculo entre Douglas e os Miranda.“O preso Douglas Marcelo Alencar Schmitt é também bem próximo à família Miranda. Desde 2002, Douglas tem diversos contratos com o Dertins, que na época era dirigido por Brito Miranda. Douglas é sócio da empresa CTN – Construtora Terra Norte LTDA, e através desta empresa nas eleições de 2006 fez doação formal de R$ 317.000,00 para a campanha de reeleição de Marcelo Miranda. Há informações circulando pela cidade de Palmas e interior de que Douglas Alencar recebeu um lote localizado às margens do lago da Usina de Lajeado da família Miranda para não mencionar em depoimento sua relação com Marcelo e sua família”, relata a decisão.IntimidaçãoAs investigações apontaram a compra do silêncio de Douglas que posteriormente procurou a família Miranda para obter mais vantagens patrimoniais para sustentar a isenção de Marcelo, passando a ser intimidado pelos Miranda.Em 29 de julho de 2017, Douglas Schmitt relatou em boletim de ocorrência tentativa de intimidação por parte do ex-governador, seu pai e seu irmão. Ao perceber que sua propriedade estava sendo monitorada chamou a polícia que identificou a pessoa que fazia o monitoramento como Sargento Almeida, policial militar lotado diretamente no Palácio do Araguaia, quando Marcelo de Carvalho Miranda ainda era governador.A decisão revela também que em 28 de novembro de 2016, a Polícia Federal apreendeu na residência do ex-governador Marcelo Miranda, relatório confidencial e documentos referentes ao ocorrido em Piracanjuba. No material apreendido, consta o levantamento de informações sobre os policiais Marcos Albernaz e Vitor Sabará, inclusive com apontamentos sobre familiares. Trata-se dos policiais tocantinenses que foram designados pelo então secretário de Segurança Pública (SSP) José Eliú Jurubeba para acompanhar as investigações do caso Piracanjuba. “Dessa forma, os indícios reunidos nos autos apontam no sentido de que Marcelo Miranda mobilizou agentes de inteligência do Estado do Tocantins, de sua própria confiança, para a elaboração de dossiês acerca dos policiais tocantinenses”, revela a decisão.O ex-governador Marcelo Miranda foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta, 26, no apartamento funcional da esposa e deputada-federal Dulce Miranda (MDB), seu pai Brito Miranda e o irmão Júnior Miranda também foram presos. Todos prestam depoimentos na sede da Polícia Federal, em Palmas.