Durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e governadores que compõem a Amazônia Legal com o intuito de discutir o problema das queimadas, o governador do Tocantins Mauro Carlesse (DEM) abordou a necessidade de construção da TO-500, que passará pela região da Ilha do Bananal, localizada na região Sudoeste do Estado.A Ilha do Bananal é dividida em duas áreas de reserva ambiental: ao sul, o Parque Indígena do Araguaia, e o norte, o Parque Nacional do Araguaia. Os municípios de Formoso do Araguaia, Gurupi, Lagoa da Confusão e Peixe compõem a região.Segundo fala de Carlesse na reunião, o Estado precisa da licença ambiental para a construção da rodovia sobre uma estrada de 80 km que já está aberta e que vai reduzir a distância do transporte da safra do Mato Grosso em mais de mil quilômetros, e vai “viabilizar o desenvolvimento não só do Tocantins como o Mato Grosso, mas também do Brasil”. A TO-500 deve passar por reserva indígena.Também destacou as dificuldades das etnias indígenas que moram no local, e que eles teriam se manifestado favoravelmente à construção da rodovia. “Os índios tem interesse na rodovia, pois ela será privatizada e uma parte do pedágio será revertida aos índios para que eles melhorem as condições de vida deles, pois hoje vivem precariamente”, afirmou o governador.TO-500A construção da TO-500 prevê a travessia entre os estados da Bahia e do Tocantins até o oeste do Mato Grosso. O projeto é de autoria do engenheiro José Rubens Mazzaro, e foi aprovado em 2012 pela Assembleia Legislativa do Tocantins. Agora, aguardada a publicação de um Decreto Federal, outorgando os direitos para que o Governo do Estado do Tocantins possa empreender e executar a obra sobre a Ilha do Bananal, que é de responsabilidade da União.Bloco rachadoOs governadores integrantes do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal dividiram opiniões - seis deles mais alinhados politicamente com o Palácio do Planalto, e outros três não, com relação à adesão ao discurso do presidente contra as políticas ambiental e indigenista praticadas no País. O presidente usou o encontro com governadores para estimular o debate sobre a exploração mineral em terras indígenas. Ele também criticou a demarcação de terras indígenas.A partir de agora, as ações emergenciais de combate aos incêndios serão coordenadas com os governadores entre Amazônia Ocidental e Amazônica Oriental, seguindo critérios definidos militarmente, conforme proposta da Casa Civil, do ministro Onyx Lorenzoni, para as próximas reuniões de trabalho. Elas devem ocorrer até a próxima semana e incluir uma visita do ministro à Amazônia. Bolsonaro também estuda ir à região.No lado ocidental, mais simpático ao presidente, ficaram os governadores e Estados ligados ao Comando Militar da Amazônia: Gladson Camelli (PP), do Acre, Wilson Lima (PSC), do Amazonas, Marcos Rocha (PSL), de Rondônia, Antônio Denarium (PSL), de Roraima, Mauro Mendes (DEM), de Mato Grosso, e Mauro Carlesse (DEM), do Tocantins. No oriental, vinculado ao Comando Militar do Norte, estão Waldez Góes (PDT), do Amapá, Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, e Helder Barbalho (MDB), do Pará.O consórcio tem se esforçado para manter uma unidade entre os governadores, mas as divergências ficaram evidentes no encontro com Bolsonaro. Eles concordam com ações emergenciais, como o emprego das Forças Armadas para conter as chamas, mas não com a agenda de longo prazo para desenvolvimento da região e ações de prevenção.