O presidente Michel Temer (PMDB), foi entrevistado pelo jornal Folha de S.Paulo, no Palácio da Alvorada, e reafirmou que não vai se afastar da presidência e nem renunciar após ser gravado pelo empresário goiano Joesley Batista, que se fizesse isso seria uma admissão de culpa e ainda desafiou a oposição: "Se quiserem, me derrubem".

Já com relação ao seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, que foi flagrado correndo com uma mala de dinheiro, o presidente disse que mantinha com ele uma "relação institucional", que sua atitude não foi "aprovável", e por fim, defende o caráter de Loures. "Coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole."

Veja abaixo alguns trechos da entrevista:

F: O sr. estabeleceu que ministro denunciado será afastado e, se virar réu, exonerado. Caso o procurador-geral da República o denuncie, o sr. vai se submeter a essa regra?
MT: Não, porque eu sou chefe do Executivo. Os ministros são agentes do Executivo, de modo que a linha de corte que eu estabeleci para os ministros, por evidente não será a linha de corte para o presidente.

F: Quando o sr. diz para o Joesley que ele poderia tratar de "tudo" com o Rodrigo Rocha Loures, o que o sr. quer dizer?
MT: Esse tudo são as matérias administrativas. Não é tuuudo [alongando o "u"]. Eu sei a insinuação que fizeram: "Se você tiver dinheiro para dar para ele, você entregue para ele". Evidentemente que não é isso. Seria uma imbecilidade, da minha parte, terrível.

F: O sr. falou muito do Joesley. Mas qual a culpa que o sr. tem?
MT: Ingenuidade. Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento.

F: Um desembarque do PSDB e do DEM deixaria o sr. em uma situação muito difícil. O sr. já perdeu PSB e PPS.
MT: O PSB eu não perdi agora, foi antes, em razão da Previdência. No PPS, o Roberto Freire veio me explicar que tinha dificuldades. Eu agradeci, mas o Raul Jungmann, que é do PPS, está conosco.

F: Até que ponto vale a pena continuar sem força política para aprovar reformas e com a economia debilitada?
MT: [Irritado] Isso é você quem está dizendo. Eu vou revelar força política precisamente ao longo dessas próximas semanas com a votação de matérias importantes.

F: O julgamento da chapa Dilma-Temer recomeça no TSE em 6 de junho. Essa crise pode influenciar a decisão?
MT: Acho que não. Os ministros se pautam não pelo que acontece na política, mas pelo que passa na vida jurídica.

F: Como o sr. vê o fato de a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] ter decidido pedir o seu impeachment?
MT: Lamento pelos colegas advogados. Eu já fui muito saudado, recebi homenagens da OAB. Tem uma certa surpresa minha, porque eles que me deram espada de ouro, aqueles títulos fundamentais da ordem, agora se comportam dessa maneira. Mas reconheço que é legítimo.

F: Essa crise atrasou quanto a retomada da economia?
MT: Tenho que verificar o que vai acontecer nas próximas semanas. [Henrique] Meirelles [Fazenda] me contou que se não tivesse acontecido aquele episódio na quarta [dia da divulgação do caso], ele teria um encontro com 200 empresários, todos animadíssimos. causam um mal para o país.

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