Após participar de uma marcha contra a legalização das drogas no País, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho "03" do presidente Jair Bolsonaro, disse neste domingo (3) que o caminho mais provável dele e de vários integrantes do partido, inclusive seu pai, é deixar o partido. Ressalvou, no entanto, que algumas conversas ainda podem ocorrer, se os ânimos serenarem. "O mais provável é a não permanência no PSL", declarou ele, ao ser questionado.Conforme o jornal O Estado de S. Paulo informou neste sábado, Bolsonaro enviou emissários para saber se o Partido Militar Brasileiro pode ser o seu destino, caso decida deixar a legenda pela qual foi eleito. A nova sigla é articulada pelo coordenador da bancada da bala, deputado Capitão Augusto (PL-SP), e está em fase final de criação, aguardando apenas o aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).Sobre a possibilidade de seguir para o Partido Militar Brasileiro, o deputado afirmou que vai seguir "o que o presidente determinar". "As possibilidades estão todas abertas, seja a migração de partido, a criação de outros (partidos) ou até a permanência no PSL, caso a gente consiga serenar os ânimos ali dentro."Eduardo Bolsonaro contou que já foi notificado em relação ao processo disciplinar aberto pelo PSL e que vai apresentar a sua defesa "daqui a pouco". Considerou, no entanto, que há ainda alguma chance de o processo ser retirado. "Já fui notificado, vou apresentar minha defesa daqui a pouco, mas pode também ser retirado o processo. É um dia após o outro. Se eles se acalmarem e a gente sentir que existe chance (de conversar)...", acrescentou. Indagado se teria chances de seguir no PSL, o deputado observou que "o mais provável é a não permanência no PSL".Questionado se ainda haveria possibilidade de diálogo com o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), Eduardo Bolsonaro falou que conversou com o vice-presidente da legenda e advogado do partido, Antonio Rueda. "O advogado Rueda, que é ligado ao Bivar, é muito aberto. Conversei com ele na semana passada. Ainda que, porventura, venhamos a sair, precisamos dialogar, precisamos ter um termo comum para que seja o menos traumático possível."Jair Bolsonaro chegou a dizer que Bivar "estava queimado pra caramba". O presidente também acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para afastar Bivar do comando da sigla e suspender repasses milionários do Fundo Partidário ao PSL.Em conversa com a imprensa, o deputado Eduardo Bolsonaro voltou a se defender das críticas recebidas por ter sugerido um novo AI-5 no caso de uma radicalização da esquerda no Brasil. "Qualquer pessoa com dois neurônios conseguiu entender o que eu falei ali, só os opositores que querem se aproveitar para dizer que eu tenho alguma coisa autoritária", disse."Eu não falei de resgatar AI 5. Falei sobre a possibilidade de uma medida enérgica. Talvez tenha sido infeliz por citar o AI-5. Se eu não tivesse citado o AI-5, não teria tido essa polêmica toda. No entanto, vão perguntar ao deputado Humberto Costa (senado do PT-PE) se ele quer realmente colocar fogo no Brasil, como ele quer fazer isso? Vão perguntar aos deputados do PT, como eles querem fazer essas ditas manifestações?"Questionado que medidas poderiam ser tomadas, o deputado lembrou que o presidente da República citou, por exemplo, a análise de uma nova lei contra terrorismo. "O espaço é esse. Tem um projeto de lei na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), que foi pautado e retirado de pauta, do líder Major Vitor Hugo", sinalizou ele, citando que está prevista a realização, neste mês de novembro, de um seminário, coordenado pelo deputado sargento Gurgel para discutir o tema ainda este mês de novembro.Sobre a gravação que o presidente disse no sábado que teria pegado no condomínio, e que gerou reação da oposição que acusou Bolsonaro de obstrução de justiça, o parlamentar disse que "o presidente tem direito de se defender". Em seguida, passou a atacar a TV Globo. "Quem está apelando contra o presidente é a Rede Globo, que fez uma canalhice de 15 minutos, expondo o presidente e tentando ligar a morte de Marielle Franco a ele, com um fato que não é verdade, mesmo ele, naquele dia que ele estava em Brasília", acrescentou.O presidente também fez críticas à emissora no último sábado em pelo menos duas ocasiões. A emissora não se manifestou.