O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes, determinou o afastamento do desembargador do Tribunal de Justiça (TJ) Ronaldo Eurípedes de Souza e seu motorista, Luso Aurélio Souza Soares, que tem o cargo formal de assessor técnico de desembargador, e é apontado como operador financeiro do magistrado. O STJ também determinou busca e apreensão em endereços do presidente da seccional da Ordem dos Advogados no Tocantins, Gedeon Pitaluga Júnior e dos advogados Mônica Torres Coelho, Renato de Oliveira e Alex Hennemann. Cerca de R$ 4 milhões em bens dos investigados estão bloqueados pelo STJ. As medidas estão sendo cumpridas pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 29, na Operação Madset, desdobramento da operação Toth, de agosto de 2018, realizada pela Superintendência da Polícia Federal no Tocantins. Os envolvidos são investigados por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de influência, além de outros ainda sob apuração. Segundo as informações da PF, a operação investiga a suspeita de venda de decisões judiciais no TJ e lavagem de dinheiro. A operação envolve 50 policiais federais e 7 mandados de busca e apreensão em Palmas e São Paulo..SP. Os envolvidos são investigados de negociação, intermediação e elaboração de decisões judiciais para a obtenção de vantagem financeira indevida, uso de laranjas, operações em espécie, associações veladas, empréstimos fictícios, contratos de gaveta, transações imobiliárias e atividade rural, para ocultar e dissimular a real origem do dinheiro. Segundo o STJ, há indícios de crescimento patrimonial do desembargador seria incompatível com o rendimento como juiz do TJTO. Entre 2013 e 2015, o valor movimentado chegou a R$ 11,5 milhões. Segundo o realtor, os crimes investigados são ligados ao exercício como juiz, praticados no desempenho do cargo e com abuso. O ministro afirma ainda, na decisão, que a "prática criminosa trouxe efeito deletério à reputação, à imagem e à credibilidade do Poder Judiciário do Tocantins". A natureza da atividade desenvolvida pelos investigados, para o ministro, "exige atuar probo, lídimo e transparente" e lembra ainda tratar-se "de agentes remunerados para restaurar a ordem, para fazer cumprir as leis". Além da obtenção de novas provas, com as ações de hoje, busca-se interromper a continuidade dos crimes, delimitar a conduta dos investigados, identificar e recuperar ativos frutos dos desvios, além de resguardar a aplicação da lei penal. O nome da operação é uma referência a deusa egípcia Madset, associada à justiça, como a mãe Maet e o pai, Toth. Por coincidência, nome de duas operações anteriores sobre membros do Poder Judiciário do Tocantins. O JTo não conseguiu contato com os alvos. A assessoria do presidente da OAB-TO disse que se manifestará quanto tiver mais informações sobre o caso. O Tribunal de Justiça do Tocantins informou em nota não ter sido formalmente comunicado e afirma que "cumpre com rigor todas as decisões judiciais superiores".-Imagem (1.2043197)-Imagem (1.2043191)