A Operação Assombro, que chegou a cumprir mandado de busca e apreensão no gabinete de Mauro Carlesse (PSL) em março do ano passado, está com uma denúncia apresentada pela subprocuradora Lindora Araújo, da Procuradoria-Geral de República (PGR), aguardando deliberação do ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), desde 19 de agosto deste ano. Nem o STJ nem a Procuradoria-Geral da República forneceram cópia da petição que tem 184 páginas.A denúncia está autuada como Ação Penal de nº 1.027 decorrente do inquérito de nº 1.279 e resultou na Operação Assombro, uma operação conjunta da PF e PGR, com base na investigação iniciada pela Polícia Civil, na Operação Catarse. A investigação recaiu, inicialmente, sobre contratação de “fantasmas”. Servidores contratados pelo governo estadual “não para a prestação de serviço público, mas para a promoção de campanha eleitoral em benefício do atual Governador do Estado de Tocantins, o qual teria o domínio da operação criminosa”, segundo uma decisão do ano passado, do ministro Napoleão Nunes Maia, ao manter a competência do caso no STJ.Uma das investigações, da PC de Araguaína, havia desaguado também, em 2019, no STJ, com o inquérito de nº 1.273. Nesse processo, o STJ validou o arquivamento indireto do inquérito porque o MPF não encontrou existência de provas que ligassem o governador aos fatos então investigados, mas ao governo anterior de Marcelo Miranda (MDB). No decorrer da investigação, novos fatos originaram o inquérito que resultou na Operação Assombro, e ligou Carlesse ao caso. Além do nome de Mauro Carlesse, a denúncia no sistema processual do STJ tem, ainda, no campo "réus", o nome da deputada estadual Valderez Castelo Branco Martins (PP), do ex-secretário de Administração Neyzimar Cabral de Lima e da ex-servidora Noelia Terezinha Vieira.Desde que ingressou no STJ, dia 19 de agosto, a denúncia teve apenas uma mexida, no dia 27 de setembro, com o envio do processo para a Coordenadoria de Processamento e Apoio a Julgamentos – uma espécie de cartório judicial – da Corte Especial.A mexida do processo indica que o ministro relatou despachou para que a coordenadoria de apoio encaminhe o caso para os outros 14 ministros da Corte Especial tomarem ciência da denúncia.Esta Corte Especial é composta pelos 15 ministros mais antigos do STJ, que possui 33 ministros - e é o colegiado responsável por julgar as ações penais contra governadores e outras autoridades.Além da própria denúncia, os ministros terão de decidir se o caso ficará no próprio STJ ou para a Justiça Eleitoral, um questionamento que o próprio governador fez durante a investigação, no próprio STJ. Como os supostos crimes investigados teriam sido cometidos com fins eleitorais o STJ vai decidir se remete para a Justiça Eleitoral. Este é um dos pedidos da defesa do governador no processo. O outro é para anular a decisão que autorizou busca e apreensão em desfavor do governador.O governador Mauro Carlesse comentou a situação dessa denúncia para o JTO e disse que “nunca existiu” servidor fantasma na gestão dele.“Eles estão fazendo as investigações e eu fico muito tranquilo que isso nunca existiu no nosso governo, teve alguns casos do governo passado que eles misturaram jogando para o nosso governo, mas vamos esperar, né? A gente não tem uma resposta porque temos que esperar para ver o desenrolar”, afirmou.Segundo Carlesse, que falou à repórter Luana Fernanda no dia 5 de outubro, aniversário do Estado, o governo dele cortou os fantasmas. “Gente de tudo quanto é lugar, de todo o país. Portanto, isso então são denúncias que fazem parte. Eu estou muito tranquilo, eu sou um governador muito tranquilo, transparente, e não tenho nenhuma dificuldade, jamais faria isso. Não há necessidade de um governo fazer isso.”Ainda segundo o governador nas eleições de 2018, período em que a apuração investiga o emprego de fantasmas para ajudar na campanha, houve corte de servidores. “Para ganhar a eleição em 2018, nós cortamos 12, 13 mil pessoas e mesmo assim nós ganhamos a eleição em primeiro turno, no segundo turno e nos quatro anos que nós fizemos. Então não há necessidade desse tipo de coisa, antigamente acontecia, hoje não acontece mais, o nosso governo não tem isso e vamos esperar as investigações e vamos ver o que que ele diz”.Por mais de uma ocasião na entrevista, negou que haja servidor fantasma no atual governo. “Não existe, não existe, pelo meu conhecimento, pelas minhas determinações junto com os nossos secretários. Aliás, não existe, não pode existir”.