A defesa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) pedirá a quebra do sigilo telefônico de Bernardo, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e responsável pela gravação da conversa que levou o parlamentar à cadeia.

O acesso à lista de pessoas com quem Bernardo trocou telefonemas revelará se ele manteve contato com os procuradores da Lava Jato antes de Delcídio ser detido.

De acordo com Antônio Figueiredo Basto, advogado do senador, a solicitação vai integrar a defesa do petista, que deverá ser entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) até a próxima segunda (25).

"Quero saber como e quem industriou o Bernardo. Só o Supremo poderia autorizar [a gravação da reunião com Delcídio]", afirmou.

No áudio captado por Bernardo, o ex-líder do governo indicou que poderia influir sobre ministros do STF para garantir a liberdade de Cerveró e chegou a tratar de uma rota de fuga do ex-diretor caso a Justiça não o libertasse.

Ainda segundo o advogado, a defesa argumentará que a prisão deu-se por "meio enganoso de prova".

"Isso ocorre quando infiltram uma pessoa para te provocar e gravar o que você diz, atacando o direito ao silêncio. O áudio foi feito sem autorização judicial e por uma pessoa que sequer é parte no processo", adiantou Basto.

No mesmo documento, os representantes do senador pedirão que a ação penal não seja aceita, além de pleitearem a revogação da prisão de Delcídio, que dura dois meses.

Embora não descarte firmar acordo de delação com o Ministério Público, o petista deu aval para que seus advogados apresentem a defesa ao STF.

Reservadamente, o senador tem reafirmado a pessoas próximas sua mágoa com o ex-presidente Lula e o presidente do PT, Rui Falcão. Delcídio sentiu-se abandonado pelos correligionários no momento em que mais precisava de apoio, em sua avaliação.

Interlocutores do parlamentar afirmam que, caso ele deixe a cadeia e retome o mandato, vai disparar contra-ataques em discursos no Senado.

Procurado pela reportagem, o advogado Breno Brandão, que representa Nestor e Bernardo Cerveró, disse que não iria se pronunciar sobre os argumentos que serão usados pela defesa de Delcídio.