O senador Delcídio Amaral (PT-MS) e o banqueiro André Esteves entraram em contradição nos depoimentos que prestaram à Polícia Federal após terem sido presos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). O petista também envolveu a presidente Dilma Rousseff ao declarar que partiu dela, quando ainda era ministra de Minas e Energia, no governo Lula, a indicação de Nestor Cerveró para cargo de diretor na Petrobras.

Esteves negou, em depoimento, ter conversado comDelcídio sobre a delação de Cerveró. Já Delcídio afirmou ter falado com o banqueiro sobre o assunto. O senador disse ainda que ofereceu ajuda à família de Cerveró e desejava sua liberdade por “questões humanitárias”.

A íntegra do depoimento de Delcídio foi obtida pelo O Globo. O termo diz: “Perguntado se a conversa narrada no diálogo, supostamente havida com André Esteves, realmente ocorreu, afirma que sim, e que não responderá a qualquer outra que lhe for feita, reservando-se, a partir de então, no direito ao silêncio”. O banqueiro, por sua vez, reconheceu ter tido ao menos cinco encontros com Delcídio nos últimos doze meses, mas negou ter tratado do tema. Esteves afirmou que só sabia das negociações sobre a delação pela imprensa e não tinha conhecimento de que Cerveró poderia citar o banco que presidia, o BTG Pactual, ou o seu nome.

Dilma e Cerveró

Delcídio, que já foi diretor da Petrobras durante o governo Fernando Henrique Cardoso, disse que conheceu Cerveró nessa época. Afirmou que chegou a ser consultado pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, sobre indicação de Cerveró para a diretoria da estatal. O senador disse que concordou com a nomeação por conhecer o trabalho de Cerveró. Ele contou que Dilma conhecia Cerveró de quando foi secretária de Minas e Energia no Rio Grande do Sul.

Temer e Zelada

O senador também disse à PF que havia uma “relação próxima” entre o vice-presidente Michel Temer e o ex-diretor Jorge Zelada, que sucedeu Cerveró na Petrobras. Em nota, Temer negou ter relações próximas com Zelada e repudiou “veementemente as declarações do senador Delcídio”.

Negativas

Delcídio negou ter procurado ministros do STF para pedir a libertação de Cerveró. Afirmou que foi procurado por Bernardo para ajudar a libertar seu pai e que só prometeu ajudar para dar “palavras de conforto”. O petista também negou envolvimento na compra da refinaria de Pasadena.

Advogado se entrega

O advogado Cerveró, Edson Ribeiro, também acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato, foi preso ontem no aeroporto do Galeão, no Rio, ao desembarcar de um voo vindo de Miami (EUA).