A saúde e segurança foram os temas mais abordados no debate entre os candidatos a governador na TV Anhanguera. Apesar de estarem a cinco dias das eleições, os dois candidatos que lideram as pesquisaram - Marcelo Miranda (PMDB) e Sandoval Cardoso (SD) - não polarizaram a discussão. O debate, realizado ontem à noite, foi marcado por poucos ataques pessoais e acusações entre os candidatos. Entre os assuntos polêmicos abordados, está o caso do avião e os R$ 504 mil apreendidos pela Polícia Civil em Piracanjuba.

O debate, que foi composto de quatro blocos com perguntas feitas por candidato para candidato, foi mediado pela jornalista da Rede Globo de São Paulo Graziela Azevedo. As perguntas foram direcionadas principalmente para os candidatos Marcelo Miranda, da coligação A experiência faz a mudança, e Sandoval Cardoso, da coligação A mudança que a gente vê. Nenhuma pergunta foi feita à candidata Eula Angelim (PSOL).

Terceirização

Os cinco candidatos prometeram construção de novos hospitais, equipamentos, valorização dos servidores, realização de concurso público e mais investimentos na área da segurança. Mas os pontos mais criticados foram as terceirizações dos presídios e hospitais. Os candidatos Ataídes Oliveira (PROS), pela coligação Reage Tocantins, e Luís Cláudio (PRTB) aproveitaram o tema para expor que Sandoval, atual governador, tentou fazer uma nova terceirização na saúde e que, mesmo não tendo implantado, ainda estuda a possibilidade.

Ataídes afirmou que “terceirizar a saúde é um crime”. E sobre a segurança, ele argumentou que o Tocantins tem o preso mais caro do Brasil, R$ 4,2 mil ao mês, em razão da terceirização dos presídios. Sandoval respondeu durante as rodadas de perguntas que a terceirização deve ser avaliada se é viável ou não. Contudo, ele garantiu que, enquanto governador, não tomará nenhuma decisão sem discutir com a sociedade.

Marcelo questionou Sandoval sobre suas propostas para a saúde, que respondeu já estar construindo leitos e hospitais em Gurupi e Araguaína e ampliando o Hospital Geral de Palmas. “Nós estamos enfrentando os problemas na saúde, não adianta falar que, se eleito, vai resolver, pois já estou fazendo”, alfinetou Sandoval.

Já Marcelo disse que não está vendo a construção dos hospitais e sim uma cobrança generalizada de melhorias na saúde. “Temos que dar mais condições de trabalho, autonomia, resolver o problema de falta de medicamentos e equipamentos, por falta de pagar o fornecedor. Temos que fazer um SOS Saúde, temos uma situação emergencial”, frisou Marcelo.

Sandoval respondeu que não se constrói hospitais em cinco meses. Ele ainda destacou que a situação estaria melhor se Marcelo tivesse aplicado os recursos na saúde, ressaltando que a Justiça bloqueou seus bens em razão de um suposto desvio de R$ 27 milhões da área da saúde no período que foi governador.

Avião

Durante uma tréplica, Sandoval aproveitou para falar que Marcelo, apesar de negar o envolvimento, teria relação com os R$ 504 mil apreendidos em Goiás e com Douglas Alencar, que chegou a ser preso e é investigado pela Polícia Civil. Ele destacou que Douglas foi a imprensa defender Marcelo, sendo que teve sua conta de hotel pago pelo irmão do candidato do PMDB, Júnior Miranda, e que o avião estaria à disposição do partido de Marcelo.

Igeprev

Questionado por Luís Cláudio sobre seu envolvimento com o episódio, Marcelo disse não ter nada a ver com a situação. Ele frisou que Douglas, no depoimento, já aponta os envolvidos. “Falam muito dos R$ 504 mil, mas eu precisaria de 2.800 aviões para transportar o rombo no Igeprev (Instituto de Gestão Previdenciária no Tocantins)”, disse.

A candidata Eula levantou o tema do Igeprev, que foi avaliado por Ataídes como um caso de polícia, pontuando que o rombo no instituto seria de R$ 515 milhões. Ele frisou que as irregularidades não teriam sido cometidas apenas na gestão de Siqueira Campos (PSDB), mas também na de Marcelo Miranda.

Sandoval questionou Marcelo se, caso eleito, demitirá todos os servidores comissionados. O peemedebista respondeu que não fará isso, mas prometeu realizar concurso público. Todos os candidatos prometeram ações de valorização e melhorias salariais dos servidores públicos.

Sobre déficit habitacional, Marcelo disse que fará o cartão habitação, que construirá casas pelo Estado. Já Sandoval disse que enfrentará o problema primeiro tratando da regularização fundiária urbana no Estado, que seria uma demanda urgente.

No tema da energia da elétrica, todos os candidatos enfatizaram o alto preço pago pelos tocantinenses. Marcelo disse que buscará investimentos para desenvolver alternativas de energia, como a solar. Luís Cláudio prometeu reduzir o custo da tarifa.

Sandoval frisou a importância do governo do Estado auxiliar os municípios na construção dos aterros sanitários. Ele também destacou que outro grande problema no Estado é a falta de saneamento, que garantiu enfrentar.

Para a área do agronegócio, Marcelo destacou que juntará os órgãos Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Instituto de Desenvolvimento Rural (Ruraltins), Instituto de Terras do Tocantins (Itertins) e Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) e levará para as regiões, para que as pessoas não necessitem de se deslocar para Palmas em busca de atendimento.

Outra prioridade comum aos candidatos foi o transporte de estudantes. Ataídes defendeu a criação de uma empresa pública de transporte para garantir passe livre os estudantes universitários e de cursos técnicos que não possuem veículo próprio. Já Sandoval, defendeu a isenção do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços do combustível do transporte escolar e melhorias das estradas para dar acesso a zona rural.

Avaliação

Jean Carlos de Almeida Teixeira - Diretor de Operações no Tocantins

O grupo Jaime Câmara já tem tradição em realizar esse debate. Acreditamos que o eleitor tem condições de tomar sua decisão consciente sobre o melhor candidato. Gostaria de destacar o alto nível de civilidade entre os candidatos, que respeitaram principalmente o telespectador e o ouvinte neste debate.

Luiz Fernando Rocha Lima - Diretor de Conteúdo Editorial

Foi um debate dentro da expectativa que proporcionou a oportunidade do eleitor de acompanhar objetivamente as propostas, as atitudes e o comportamento de cada um dos candidatos ao governo do Estado.

Fábio Madeira - Gerente de Jornalismo da TV Anhanguera

Foi um debate muito bom, um ganho para o eleitor. Não houve ofensas entre os candidatos, tanto que nenhum direito de resposta foi concedido. Os candidatos apresentaram ideias e propostas como era esperado.

Graziela Azevedo - Repórter da TV Globo e mediadora do debate

O debate foi tranquilo. Os candidatos apresentaram suas propostas. Não houve nenhum direito de resposta por que não houve ofensas entre ele. Cada um pôde mostrar suas propostas e ideias para o eleitor do Tocantins.

Formato

O debate foi divido em quatro blocos de discussão, mais o tempo para as considerações finais de cada candidato. As perguntas foram feitas de candidato para candidato com a condução da mediadora Graziela Azevedo, repórter da TV Globo de São Paulo. Houveram dois blocos perguntas de tema livre e dois blocos com perguntas de tema determinado que foram intercalados começando pelo bloco de tema livre. Nos blocos com temas determinados, foi feito o sorteio do tema antes de cada pergunta.Cada candidato teve 30s para formular a pergunta e escolher quem responder. O candidato escolhido teve 1min30s para responder e foram dados 1min para réplica e 1min para tréplica. Durante o debate, todos candidatos fizeram perguntas em todos os blocos, mas cada candidato pôde responder apenas duas perguntas por bloco.