O contrato para fornecimento de cestas básicas para Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas) alvo de investigação da Polícia Civil para apurar supostas ameaças e uma tentativa de extorsão contra o empresário José Gomes de Souza Neto, conhecido como Neto Gomes, 43 anos, faz parte de uma dispensa para a compra de 200 mil cestas básicas e um total de R$ 15.159.997,30, pagos pelo Fundo Social de Solidariedade do Tocantins (Fust). Divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), a investigação teve os detalhes revelados pelos portais AF Notícias e G1 Tocantina na quinta-feira, 6. O JTo detalha agora o cenário das compras da Setas onde se insere o contrato investigado. Gomes disputou como vice-prefeito de Nazaré, no Bico do Papagaio, pelo DEM, no ano passado na chapa encabeçada pela candidata Maria Elvira (SD), mas saíram derrotados. No dia 5 de novembro do ano passado, às 10h24, saiu o contrato da empresa dele com a Setas para fornecer 40 mil cestas básica, cada uma pelo valor de R$ 75,80 e total de R$ 3.032.000,00, de acordo com o contrato de nº 71/2001.O contato teve como base no “Ato motivado de dispensa de licitação” do secretário José Messias Alves de Araújo, datado de 7 de outubro de 2021, a 13 dias da fatídica decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que afastou o governador Mauro Carlesse (PSL).Segundo depoimento do político à Polícia Civil, o empresário procurou a secretaria para o contrato por indicação do secretário da Administração Bruno Barreto e na própria sede do órgão afirma ter sofrido a primeira tentativa de extorsão do empresário João Coelho Neto, que exigia 50% do contrato.Depois da assinatura do contrato, ele e a esposa receberam telefonemas com pressão pelo percentual e até visita no galpão da empresa por Coelho Neto, acompanhado de outras duas pessoas, uma delas Wolney Max de Souza, apontado como cobrador de aluguel em Guaraí, no centro-oeste do Estado.O outro algoz é João Coelho Neto, 37 anos. Filiado ao PTB, ele disputou a prefeitura de Rio Sono em 2020 e saiu derrotado por Itair Martins (DEM) e aparece como dono da MC Cirurgica, empresa existente desde 2010, que não mantém contrato com o Estado.Os dois acabaram presos preventivamente por ordem do juiz Agenor Alexandre da Silva, em um pedido da Dracco (Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), na qual o juiz elogia o zelo, a qualidade e a técnica da investigação e critica práticas de corrupção no país e no Tocantins.Segundo o juiz, a denúncia levada à polícia pelo empresário permite vislumbrar a existência, no primeiro momento, de, no mínimo crime de extorsão e por isso a prisão preventiva buscava a garantia da ordem pública e para a garantia da apuração da Polícia Civil para concluir a instrução criminal."A corrupção causa à sociedade repulsa e clamor público", anota o juiz, ao apontar que os suspeitos usaram de graves ameaças à vítima e familiares e demonstram serem "destemidos e não estão nem aí para o ordenamento jurídico vigente, como se aqui ainda fosse um Terra de Coronéis ou Terra sem Lei".Em nota ao G1 Tocantins, o governo disse que houve entrega de 5 mil cestas do contrato com Gomes e nega que o secretário Bruno Barreto tenha indicado o empresário para a contratação.A dispensaPela mesma dispensa que envolve a empresa de Gomes Neto, a Setas firmou contratos de R$ 3 milhões e 40 mil cestas básicas com a Delikato, de Julio Cesar da Mota Santos; com a Medio Norte, representada por Diego Oliveira Coimbra e com Silva e Reis (DJ Comercial), dos sócios Danilho Coelho Reis e José Roberto Pereira da Silva.Também há contratos de R$ 1,5 milhão e 20 mil cestas com a Mari Distribuição, de Mariana Santos Cabral e com MFF Comércio e Serviço (Cetro Representação), que tem como titular Matheus Fonseca Ferraz.Confira as compras de cestas básicas da Setas encontradas pelo JTo.