A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e mais 14 pessoas no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19. Eles foram indiciados sob suspeita pelos crimes de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa. A informação foi revelada pelo portal G1 e confirmada pela Folha de S.Paulo. "Conforme apresentado, os elementos acostados nos autos evidenciaram que os investigados se associaram com o fim de praticar inserções de dados falsos relacionados a vacinação contra aCovid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde", diz o relatório final da PF ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso. "Tais condutas tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários", continua.A pena para associação criminosa é a reclusão de 1 a 3 anos. Já a inserção de dados falsos em sistema de informações tem pena de reclusão de 2 a 12 anos e multa. O advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, reclamou nas redes sociais do que chamou de vazamento da investigação."Vazamentos continuam aos montes ou melhor aos litros. É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial", afirmou Wajgarten. A reportagem procurou a defesa de Cid e o deputado Gutemberg, que ainda não responderam. Este será o primeiro de três casos que têm Bolsonaro na mira e a PF espera concluir até julho. Além deste, os investigadores apuram a participação do ex-presidente numa trama para tentar dar um golpe de Estado e também o caso sobre joias recebidas da Arábia Saudita. Essa investigação está vinculada ao inquérito das milícias digitais, que tramita em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Foi no âmbito deste inquérito que foi feito o acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid. Segundo suspeita da Polícia Federal, dados falsos de vacinação foram inseridos em registros do SUS do ex-presidente para emitir um certificado. No início de maio de 2023, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão no endereço de Bolsonaro e de prisão contra Mauro Cid e Max Guilherme, outro ex-assessor de Bolsonaro. Na ocasião, Bolsonaro prestou depoimento à PF sobre a investigação do caso. Ele disse que não determinou a inserção de dados falsos em sua carteira de vacinação, nem na de sua filha. Também afirmou que só teve conhecimento da adulteração quando esse tema começou a ser divulgado pela imprensa, em fevereiro deste ano. Em depoimento anterior, também em maio do ano passado, Mauro Cid também reivindicou o direito ao silêncio e não respondeu às perguntas da PF. Em depoimento à PF, Gabriela Santiago Cid, mulher do tenente-coronel, admitiu ter usado certificado falso de vacinação contra a Covid-19. Segundo a Folha de S.Paulo apurou, Gabriela culpou o marido pela inclusão de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. Veja a lista de indiciados: - Jair Bolsonaro- Mauro Cesar Cid Barbosa- Gabriela Santiago Ribeiro Cid- João Carlos de Sousa Brecha- Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva- Célia Serrano da Silva- Gutemberg Reis de Oliveira- Ailton Gonçalves Barros- Sérgio Rocha Cordeiro- Max Guilherme Machado de Moura- Marcelo Fernandes Holanda- Camila Paulino Alves Soares- Luis Marcos dos Reis- Farley Vinícius Alcantara- Eduardo Cresp Alves- Paulo Sergio da Costa Ferreira