O presidente Jair Bolsonaro admitiu que atendeu a pedidos de parlamentares ao fazer indicações para vagas em órgãos como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em almoço com jornalistas, no sábado, Bolsonaro disse que precisa ceder a deputados e senadores para “conseguir governar”, mas disse manter sob sua responsabilidade a maioria das indicações. “Essas agências têm superpoderes”, completou.

Bolsonaro afirmou que tem recebido solicitações para cargos em todo o poder público. Pedidos para nomeações em hospitais teriam chegado a ele por meio do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Falei para o Mandetta, se aceitar, colocar na porta uma placa escrito: ‘o diretor desse hospital foi indicado pelo deputado fulano’. Ninguém quis”, disse.

Há dez dias, o Estado mostrou que as indicações de novos nomes para o Cade por Bolsonaro atendia a senadores, em um momento em que o Palácio do Planalto negocia a aprovação do nome do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Na ocasião, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) afirmou que as indicações ao conselho ou a qualquer outra agência reguladora “são prerrogativa exclusiva do Executivo”. “Todos os nomes indicados serão devidamente sabatinados no Senado, onde os indicados poderão provar suas capacidades.”

Bolsonaro diz que Câmara quer transformá-lo em uma ‘rainha da Inglaterra’ 

Em junho, Bolsonaro reclamou que a Câmara tentava transformá-lo numa “rainha da Inglaterra” ­- que reina, mas não governa – ao aprovar projeto de lei que mudava a forma de indicação para agências reguladoras. A proposta previa que os nomes fossem escolhidos a partir de lista tríplice. O trecho foi posteriormente vetado pelo presidente.

“Fui informado agora que foi aprovado na Câmara um projeto que faz com que a indicação dos integrantes das agências passe a ser privativa do Parlamento. Eu não posso mais indicar”, criticou Bolsonaro na ocasião.

O projeto, porém, não retirava a prerrogativa do presidente de indicar, mas previa que o nome fosse escolhido de uma lista pré-selecionada por uma comissão e seguisse critérios objetivos, como experiência na área e especializações.