O ex-ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) disse em depoimento à Polícia Federal que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) chancelou um acordo para repassar 30% do fundo eleitoral do PSL (cerca de R$ 2,7 milhões) para o diretório do partido em Pernambuco.Ao ser questionado porque o diretório de Pernambuco foi beneficiado com as maiores cifras, Bebianno disse que no começo de 2018 Bolsonaro e o deputado Luciano Bivar fecharam um acordo para que o então pré-candidato entrasse no PSL. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo na manhã desta 2ª feira (4).“Perguntado sobre quem seria o responsável pela definição das contas relativas aos fundos partidário e especial [eleitoral] para cada estado e seu correlato repasse para os candidatos durante o processo eleitoral, [Bebianno] respondeu que na forma do acordo político celebrado entre Jair Bolsonaro, Luciano Bivar, Fernando Francischini [então deputado federal pelo Paraná e aliado de Bolsonaro], Antônio Rueda [braço-direito de Bivar], Eduardo Bolsonaro [filho do presidente] e o declarante, parte relevante do fundo eleitoral, em torno de 30%, seria destinado para o estado de Pernambuco, estado original da fundação do PSL, e que os 70% restantes seriam distribuídos de acordo com o peso eleitoral de cada estado”, diz a transcrição de parte de seu depoimento divulgado pelo jornal.Bebianno foi o coordenador da campanha presidencial de Bolsonaro nas eleições de 2018, presidiu nacionalmente a legenda nesse período. No início da gestão, chegou a ser ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Em fevereiro foi demitido do cargo.O PSL de Pernambuco é chefiado pelo Luciano Bivar, que é presidente nacional do partido e foi um de seus fundadores. Bivar é citado nos esquemas de candidatas laranjas da sigla, e por isso, entrou em Richa com o presidente Bolsonaro.Em outubro, por causa de uma citação a Bivar, Bolsonaro disse a um apoiador para “esquecer o PSL” porque Bivar estava “muito queimado”. Agora, Bolsonaro cobra publicamente transparência do partido.Bebianno foi chamado a depor para a PF pelos supostos repasses de verba às supostas candidatas laranjas de Pernambuco ter saído do diretório nacional do PSL, que na época era presidido por ele.Aos investigadores, Bebianno disse que a decisão sobre as candidaturas nos Estados coube exclusivamente aos diretórios regionais. A Executiva Nacional era responsável apenas por formalizar o repasse de dinheiro.