O governo do estado só aguardou o massacre dos votos dados à chapa alinhada ao secretário da Segurança, Cristiano Sampaio, na eleição da delegada Sarah Lilian para presidir o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindepol) para receber parte dos eleitos - algo que não acontecia com a atual diretoria - e escancarar um jeitinho bem tocantino para permitir que a nova presidente possa desempenhar o mandato classista na harmonia que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) precisa.

A eleita está em estágio probatório. Não é efetiva estável. E o estatuto da Polícia Civil assegura a licença para o desempenho de mandato classista, conforme seu artigo 76, somente para o servidor efetivo estável.  

E o que fez a delegada-geral da Polícia Civil, Raimunda Bezerra de Souza?

Baixou a Portaria DGPC Nº 844, de 30 de outubro, mas publicada na sexta-feira, 1º de novembro, um dia depois do resultado das urnas, para sacar do mesmo estatuto (que veda a licença classista para Sarah) uma “remoção de servidor público, de ofício, por conveniência da Administração Pública”, como rege o parágrafo 1º, do inciso I, do artigo 26 do estatuto e aplicou sobre a carreira do delegado Charles Marcelo de Arruda.

Com o ato, Arruda é extraído da 29ª Delegacia de Polícia de Araguaína para se delegado-adjunto da 2ª Delegacia Especializada de Atendimento a Vulneráveis de Araguaína. Por essas coincidências, a delegada que responde pela 2ª Delegacia Especializada de Atendimento a Vulneráveis de Araguaína é a eleita para o Sindepol.

Resumo da campanha, digo, da medida: para Sarah ganhar e ter condições de buscar melhorias para os delegados “por meio do diálogo e de forma estratégica” aliada à “predisposição da Segurança Pública ao diálogo” a máquina estatal lhe deu um adjunto sob o preço de abrir um buraco (não houve remoção de substituto) naquela que é considerada uma das piores Delegacia de Polícia de Araguaína.