Amigo de Geddel Vieira Lima, o conselheiro José Saraiva, da Comissão de Ética da Presidência da República, declarou-se nesta quarta (23) impedido de analisar o procedimento de investigação contra o ministro da Secretaria de Governo.

Em representação, enviada ao órgão federal, o conselheiro pediu seu afastamento do caso devido a "suspeição por fatos supervenientes" presentes em "questionamentos divulgados em veículos de comunicação".

Nesta quarta-feira (23), a Folha de S.Paulo revelou que o conselheiro, que foi indicado para o posto com o apoio do próprio ministro, é advogado da Ademi (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário) da Bahia, entidade que representa as construtoras na unidade da federação.

Entre suas associadas, está a Cosbat, dona do empreendimento La Vue Ladeira da Barra, em Salvador, onde Geddel adquiriu um apartamento.

A reportagem apurou que o afastamento de Saraiva deveu-se a uma pedido do próprio Palácio do Planalto, que avaliou que a sua permanência no caso causaria mais desgaste para a imagem do ministro.

Saraiva foi o último conselheiro a ser nomeado para a comissão de ética, no início de setembro, já pelo governo do presidente Michel Temer. Os anteriores foram escolhidos pela administração Dilma Rousseff.

Advogado com atuação em Brasília e na Bahia, o conselheiro é professor de direito processual em Brasília e já advogou para o DEM e para o PSDB, partidos que integram o governo peemedebista.

Em 2012, recebeu o título de cidadão soteropolitano pela Câmara Municipal de Salvador, em uma homenagem proposta pelo então presidente Pedro Godinho (PMDB-BA), aliado de Geddel.

Nesta terça-feira (22), a Comissão de Ética da Presidência da República distribuiu a relatoria da investigação contra o ministro Geddel Vieira Lima para o conselheiro Marcelo Figueiredo.

Ele foi nomeado no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e votou a favor da abertura do procedimento investigatório.

O esforço do órgão federal é de conseguir concluir a análise do caso no dia 14 de dezembro, última reunião marcada no ano.

Caso não seja possível, há conselheiros que defendem a convocação de uma reunião extraordinária para tratar do tema.

O ministro foi notificado da abertura do procedimento investigatório na segunda-feira (21) e tem prazo até a semana que vem para apresentar a sua defesa.