Em um revés para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), uma ala do Patriota realizou nesta quinta-feira (24) convenção que decidiu pelo afastamento do presidente da legenda, Adilson Barroso, por 90 dias.De acordo com a decisão do grupo, o posto será ocupado temporariamente pelo vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, que já adiantou que o partido está aberto a receber qualquer candidato à presidência da República, não apenas Bolsonaro.Adilson é aliado de Bolsonaro e já se encontrou com o presidente para convidá-lo a se filiar ao partido."É uma aberração o que está acontecendo, não consigo entender. Sempre atuei dentro do que prevê o estatuto do Patriota. Não tem fundamento nenhum essa convenção que realizaram hoje", afirmou Adilson.Segundo ele, a reunião não tem valor. Ou seja, o presidente da sigla sinaliza que não seguirá o que foi decidido, o que indica que a Justiça deverá ser acionada para dar um veredicto sobre o caso.O conflito no Patriota teve início após a filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ), no fim de maio. Desde então, Resende e aliados acusam Adilson de tomar decisões monocráticas, descumprir as regras do estatuto e manobrar internamente para abrir caminho para a entrada da família Bolsonaro.Eles também afirmam que o então presidente ignorou o estatuto partidário para aparelhar a convenção nacional e reclamavam da falta de diálogo sobre a possível filiação de Bolsonaro.De acordo com a decisão da convenção desta quinta, o caso será julgado pelo Conselho de Ética da legenda e, se necessário, o afastamento poderá ser prorrogado por mais 90 dias.Adilson Resende diz que vai continuar tentando um acordo para filiar Bolsonaro no Patriota."Eu vou tentar fazer acordo de novo para tentar trazer o presidente da República de qualquer jeito."Adilson diz que não haverá "problema algum" em filiar Bolsonaro, desde que se siga "os critérios e respeite o que foi feito até aqui".A ala adversária a Adilson se divide. Alguns são favoráveis à negociação com Bolsonaro. Outros são contrários.Na última semana Adilson tentou, sem sucesso, pacificar a legenda durante uma convenção. Durante o encontro, Flávio Bolsonaro disse que, antes de decidir sobre eventual filiação ao partido, o presidente Jair Bolsonaro aguarda a sigla resolver questões internas.Integrantes da sigla que questionam a atuação de Adilson querem negociar a manutenção do controle de alguns diretórios estaduais e municipais antes da chegada do grupo de Bolsonaro.Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, em negociação para eventual filiação ao Patriota, Bolsonaro pediu para filtrar as candidaturas do partido ao Congresso e as filiações à sigla. Sem citar nomes, o presidente tem dito nas conversas com o Patriota que quer evitar traições após a eleição, como ocorreu no PSL.