Uma representação formal assinada por 23 advogados do Tocantins no Conselho Federal da OAB, em Brasília, pede o afastamento cautelar de Gedeon Batista Pitaluga Júnior do cargo de presidente da seccional da OAB no Tocantins. O protocolo ocorreu na manhã desta terça-feira, conforme publicação na conta do Instagram do advogado Jander Araújo Rodrigues. A base do pedido é a menção ao nome do presidente na condição de investigado no inquérito policial n. 1191 em trâmite no STJ (Superior Tribunal de Justiça) em que é apontado como um dos advogados que participam de um suposto esquema de divisão de lucros com a venda de decisões encabeçado pelo desembargador Ronaldo Eurípedes. O desembargador está afastado por decisão do STJ desde o dia 27 de abril deste ano, quando a Operação Madset da Polícia Federal fez buscas de cerca de três horas no escritório de Gedeon. Em sucessivas notas, o presidente nega ter “qualquer envolvimento com as supostas irregularidades” apontadas no inquérito. Além dessa investigação, os advogados apontam Gedeon Júnior como réu em ação penal denunciado pelo Ministério Público por crime de estelionato com outros réus, também advogados. O processo tramita sob segredo em Ponte Alta do Tocantins sob acusação de uso de documentos falsos, falsidade ideológica para obter dinheiro indevido acima de R$ 520 mil.Para o grupo de advogados, os fatos e condutas associadas ao presidente da ordem são "incompatíveis com o exercício da advocacia" e configuram "infeliz incontinência pública e escandalosa", previstas no Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em seu artigo 34. Eles argumentam ainda no documento de 14 páginas, que Gedeon também está violando os deveres como profissional da advocacia previstos no Código de Ética e Disciplina da OAB e afirmam que o seu presidente regional "não é digno do exercício sacerdotal da advocacia". "O seu envolvimento em esquema criminoso, não deixa margens para dúvidas de que o mesmo não velou pela honestidade ou decoro, ao revés, patrocinou interesses ligados a atividades ilícitas, e em consequência disto, vinculou seu nome, que carrega consigo, durante todo o mandato, a Presidência da Ordem dos Advogados no Estado do Tocantins", dizem, no documento, a que o JTO teve acesso. O grupo entende que a investigação de acusações tão graves mancha a legitimidade do presidente e o impede de continuar presidindo e participando de reuniões institucionais onde participa, inclusive, de julgamento de colegas no tribunal de ética e disciplina. Também não poderia determinar a abertura ou arquivamento de processos disciplinares e nem participar de correições ou eventos da Corregedoria. Os advogados pedem a suspensão da inscrição do presidente na OAB e seu afastamento imediato do cargo. Caso Gedeon não tenha a carteira de advogado suspensa, os advogados querem que ele seja afastado sumariamente da presidência até o recebimento da denúncia pelo Ministério Público Federal (MPF). Alternativamente, o grupo pede ainda que o afastamento seja até o final do inquérito ou pelo mesmo prazo do desembargador está afastado do TJTO, que é de um ano. O JTO entrou em contato com a assessoria do presidente. Em nota, a assessoria afirma que o presidente "entende a motivação política da oposição no caso, considera esse um processo do próprio ambiente democrático e se manifestará quando notificado pelo Conselho Federal da OAB.” Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Jander Araújo Rodrigues (@jarodrigues88) em 9 de Jun, 2020 às 9:14 PDT