A cassação da chapa formada por Paulo Gomes de Souza (PSD)e Eleny Araújo Pinho da Silva (PTB), prefeito e vice-prefeita de Tocantinópolis reeleitos nas eleições do ano passado, teve a manifestação do Ministério Público do Estado do Tocantins (MPTO), na última quarta-feira, 8. O órgão pede pela procedência da ação de investigação judicial eleitoral sobre o abuso de poder econômico e político no pleito . O ministério informou que a ação tramita na 9ª Zona Eleitoral do Estado, no município de Tocantinópolis. Com o término da fase de alegações finais, os autos seguem conclusos para julgamento. Se condenados, além de cassados, prefeito e vice-prefeita podem ficar inelegíveis por oito anos.O MPTO informou que, de acordo com a ação, ajuizada por uma coligação adversária dos candidatos alvos da investigação, às vésperas da eleição, ocorrida em 15 de novembro de 2020, o prefeito e a vice se beneficiaram da entrega de cestas básicas distribuídas pela Secretaria de Assistência Social de Tocantinópolis. Após a produção de provas e a apresentação de alegações finais pelas partes, o MPTO concluiu que os candidatos à reeleição praticaram captação ilícita de dinheiro público e abuso de poder político e econômico, espécies de infrações eleitorais. Na visão do órgão, a forma de distribuição das cestas básicas resultou em desequilíbrio entre as candidaturas.Ainda conforme manifestação encaminhada pelo MPTO à Justiça Eleitoral, ficou comprovado o uso promocional eleitoreiro na doação de cestas básicas custeadas pelo Poder Público, em prejuízo da igualdade de oportunidade entre candidatos. Isso porque os formulários de solicitação continham a identificação “ADM: 2017 a 2020”, o que vinculava a concessão das cestas básicas aos gestores Paulo Gomes e Eleny Araújo.O ministério ressaltou que no ano eleitoral houve uma alteração da forma de entrega das cestas básicas, que passaram a chegar aos cidadãos por visitas domiciliares. Para tanto, um servidor público foi desviado para exercer a função de motorista do serviço de assistência social, em uma van descaracterizada que havia sido inicialmente contratada para transporte de pacientes pela Secretaria Municipal de Saúde. Conforme o MPTO, dois dias antes do pleito, em 13 de novembro de 2020, a van em questão foi flagrada com cestas básicas e santinhos do prefeito e da vice. Também segundo a apuração do órgão, ainda ocorreu uma aceleração na destinação dos benefícios nos três meses anteriores ao dia da votação. Entre 15 de agosto e 15 de novembro de 2020, foram beneficiadas 209 novas famílias. Assim, as irregularidades assumiram gravidade suficiente para comprometer a normalidade e a legitimidade das eleições. O Jornal do Tocantins tentou contato com o gestor da cidade, por telefone, mas as ligações não foram atendidas.