O tocantinense vai às urnas mais uma vez no próximo domingo, a pouco mais de duas semanas do primeiro turno, para preencher a segunda cassação de um governador em menos de nove anos. Período em que seis governadores ocuparam o Palácio Araguaia. Seja por cassação, eleição ou renúncia. Um governador a cada ano e meio. Um orçamento de R$ 10 bilhões garimpados no bolso da população a cada doze meses.

Um esforço monumental de 1 milhão de eleitores, do poder público, Justiça Eleitoral e dos dois candidatos que disputam administrar por apenas seis meses um Estado praticamente falido e registrando o pior desempenho (como informado por este JTO ontem com dados da STN) entre as 27 unidades federativas do país no cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Seria esta situação certamente, por si só, sob modo racional, provocadora de uma catarse na sociedade política do Estado que pudesse substituir o seu determinismo econômico-financeiro corporativo por uma dimensão ético-política universal.

E, deste modo, deixasse de lado o fenômeno econômico de que fazem uso em causa própria por uma conversão em sujeitos conscientes da história. Algo que deveria pertencer-lhes por essência e não por acidente. Afinal é ela, a sociedade política, a gênese da disfunção e dos desvios que levaram um governo a ter débitos que superam a metade de todas as riquezas produzidas no Estado, que gasta mais do que arrecada e conservar 150 mil pessoas na miséria absoluta, sobrevivendo com menos de um dólar por dia. E ainda 200 mil analfabetos, com 13% da população economicamente ativa desempregada. Não é uma conta a ser dividida com mais ninguém. Contrariamente, é nítido, a poucos dias do processo eleitoral, um movimento político de massa fundado em premissas que observadas de modo comparativo e submetidas ao escrutínio das leis, pressupõe-se, especialmente na omissão deliberada da identificação dos agentes causadores, dirigido a que o Estado se precipite ainda mais no abismo.

Não só financeiro e fiscal em que foi jogado, mas fundamentalmente moral que os fatos revelados diariamente explicitam, tendo como argamassa justamente as necessidades não atendidas pela mesma sociedade política que o patrocina como estratégia de manutenção ou conquista de poder.

Fico a lembrar-me do fascismo e do nazismo que se apoiaram em movimentos políticos de massa. Se lá, entretanto, os mecanismos de reprodução se fundavam em princípios ideológicos, ainda que muitos certamente equivocados, numa confusão entre direita e esquerda, socialismo, comunismo e capitalismo, democracia e ditadura, reacionários e revolucionários, por aqui funciona de forma sistêmica impulsionado por uma xepa nunca vista na história do Estado, financiada com os recursos daqueles que não participam do banquete. Cabe-lhes a serventia da casa.

De forma que, paradoxalmente ao que apregoam os políticos em suas plataformas, a insegurança da população passa a existir e termina por ser justificada. Ela vai às urnas, com efeito, com a informação de que sua escolha poderá não prevalecer novamente em função da antecipação da Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, com investigação da Polícia Federal, de que um dos candidatos para ser cassado só faltaria ser eleito. Isto pela prática de ações ilegais, a exemplo da acusação feita a seu antecessor, que os eleitores são levados, agora, a eleger substituto.

Como se nota, passa da hora da sociedade civil enfrentar a sociedade política de frente.