O governador Wanderlei Barbosa e a deputada federal Dorinha Seabra abriram as definições de chapa majoritária para outubro. Não sem atropelos à legislação eleitoral sujeita a infrações. Mas avançando sobre a agenda dos adversários, atropelando os prazos de que, pelo calendário político e não eleitoral, não mais dispõem à larga.

As penalidades para o descumprimento, multas de R$ 5 mil a R$ 25 mil por campanha antecipada, incentivaram, desde sempre, tais impropriedades por mera relação custo/benefício.  As campanhas eleitorais estão autorizadas só a partir de 16 de agosto e só nesta quarta, um dia depois, se abre o prazo para convenções partidárias. Jogo jogado, entretanto.

Daí o comício de ontem e a tentativa infrutífera de tratá-lo como um evento sem título – e por tal sem objetivo algum que não aquilo que realmente fosse - caírem num vazio cognitivo geral ainda que dispensasse a freguesia justificativas cerimoniosas do que o evento não era.

Pelo contrário, fazendo questão de demonstrá-lo na sua essência e substância como quaisquer mobilizações e concentrações político-eleitorais públicas que de fato o são. Impulsionadas pela liberação, no dia anterior, de R$ 110 milhões a prefeitos, como parte de repasses da distribuição da arrecadação de impostos.

As circunstâncias que levaram ao casamento político Wanderlei/Dorinha se assemelham, certo modo, às derivadas de uma união de dois divorciados, numa separação litigiosa. Wanderlei deixou a senadora Kátia Abreu no altar, depois de juras de amor e Dorinha abandonou Ronaldo Dimas indo para a igreja, abriu a porta do táxi e pegou um Uber direto para o Palácio Araguaia.

Conseguiu casar-se de novo, num prazo surpreendente, sugerindo que já traía Dimas há mais tempo, que ficou naquela do último a saber. Enquanto Kátia, desconfiada, deu o grito: ou ela ou eu. E, talvez traumatizada com a separação, tenha se decidido, até agora, a manter-se sozinha numa candidatura avulsa. Sem essa de dividir escovas e dormir de conchinha políticas.

As separações e casamentos com o governador dizem, a priori, muito do que elas podem significar. Tanto do lado positivo quanto negativo, soma ou subtração. Se Wanderlei tem conseguido manter as contas em dias, isto se dá, em larga medida, mais pelo desempenho da receita do que da qualidade das despesas.

No que importa à população de modo geral, o superávit financeiro e orçamentário não tem encontrado, contrariamente, correspondência nos investimentos. O governo pagou em investimento de janeiro a junho apenas 1,4% da LOA de R$ 11,453 bilhões

Muito embora as receitas no período fossem 26,5% superiores às realizadas de janeiro a junho de 2021. Um acréscimo de R$ 1,5 bilhões acima das receitas do primeiro semestre do ano passado. Já nas despesas com servidores, aumentou em 17% os gastos empenhados comparando os dois períodos.

A manutenção do desempenho fiscal, entretanto, é meritória. Mas no que toca à deputada federal Dorinha Seabra, ela terá que demonstrar ao seu eleitorado em Wanderlei compromisso com a educação maior do que já tem sido apresentado.

No primeiro quadrimestre de 2022, o governo aplicou no setor apenas 19,25% das receitas contra a exigência constitucional de 25%. Um índice inferior ao fechamento do ano de 2021, quando o governo encerrou o exercício registrando gastos de 25,32% das receitas com educação.